OCDE prevê mais crescimento, mas avisa contra proteccionismo

Crescimento mundial em 2018 revisto de 3,7%% para 3,9%, com a zona euro a ser uma das regiões do globo a surpreender pela positiva.

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José Angel Gurria, secretário geral da OCDE na apresentação das previões em Paris LUSA/Mario Guzmán

Apesar de ter revisto em alta as suas previsões de crescimento para a generalidade das economias do mundo, incluindo os EUA e a zona euro, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) alertou esta terça-feira para o risco que uma escalada das políticas comerciais proteccionistas para o investimento e os empregos.

Nas projecções interinas (que não incluem novas estimativas para Portugal), a entidade sedeada em Paris passou a sua previsão de crescimento do globo este ano dos 3,7% previstos em Novembro para 3,9%. Isto significa que a OCDE antecipa agora uma aceleração da economia mundial face a 2017 (crescimento de 3,7%). Para 2019, também foi realizada uma revisão em alta, de 3,6% para 3,9%.

No relatório, os responsáveis da OCDE explicam que “o investimento mais forte, a recuperação do comércio mundial e o emprego mais alto estão a ajudar a tornar a retoma cada vez mais generalizada”.

De facto, a melhoria de expectativas verifica-se para quase todas as economias analisadas. No caso da zona euro, a previsão de crescimento em 2018 passou de 2,1% para 2,3%, o que ainda assim significa um ligeiro abrandamento face à variação de 2,5% registada no PIB durante o ano passado. Para 2019, a previsão é de um novo abrandamento, com o crescimento a ficar-se nos 2,1% (em Novembro a OCDE previa 1,9%). Dentro da zona euro, foi a França que mais surpreendeu a OCDE, que reviu a sua projecção em alta para 2018 de 1,8% para 2,2%.

No relatório, a OCDE diz em relação à zona euro que “as políticas fiscais e monetárias acomodatícias, as melhorias nos mercados de trabalho e os elevados níveis de confiança dos consumidores e das empresas estão a ajudar a estimular a procura”.

No caso dos EUA, a OCDE mudou a sua previsão de crescimento este ano de 2,5% para 2,9%. No Japão passou de 1,2% para 1,5%, na China de 6,6% para 6,7%, no Brasil de 1,9% para 2,2% e na Índia de 7% para 7,2%.

No relatório agora apresentado, há no entanto um risco a ensombrar o cenário genericamente positivo: a possibilidade de um aumento das políticas proteccionistas em várias economias do planeta. O risco, que se agravou claramente com a decisão dos EUA de imporem taxas alfandegárias mais elevadas em produtos como o aço e o alumínio, é assinalado pela OCDE. “O proteccionismo no comércio continua a ser um risco chave, que afectaria negativamente a confiança, o investimento e os empregos”, afirma o relatório, que pede aos governos de economias produtoras de aço para “evitarem uma escalada e apoiarem-se em soluções globais para resolver o problema de excesso de capacidade na indústria mundial de aço”.

Para a OCDE, que assume uma posição semelhante à já divulgada pelo FMI, a solução está nos sistemas de negociação multilateral existentes no comércio internacional. “Salvaguardar o sistema comercial internacional baseado em regras é essencial para evitar danos de longo prazo nas perspectivas de crescimento, que poderiam resultar de um recuo na abertura dos mercados”, afirma o relatório.

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