Duas turmas melhoram resultados e ficam mais motivadas com ajuda de tablets

Regra geral, “os alunos que mais utilizaram os tablets” foram também “os que mais aprenderam”, refere um dos autores do estudo que se centrou em duas turmas de uma escola de Lisboa

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O tablet podia ser usado como os alunos e professores "quisessem" neg nelson garrido

Alunos de duas turmas dos 7.º e 10.º anos da Escola Secundária Eça de Queirós, em Lisboa, receberam tablets “para usar como quisessem”, no âmbito de um estudo que concluiu que a maioria ficou mais motivada e aprendeu mais. 

Realizado entre 2014 e 2016, o objectivo do estudo Tablets no Ensino e na Aprendizagem. A Sala de Aula Gulbenkian: Entender o presente, preparar o futuro era tentar perceber o que acontece numa escola em que os tablets fazem parte do dia-a-dia. Para isso distribuiu equipamentos por alunos e professores e, durante dois anos lectivos, dois investigadores acompanharam o processo. As conclusões são apresentadas esta terça-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

O professor universitário José Luís Ramos, um dos coordenadores, ressalva que os resultados do estudo não podem ser extrapolados para a realidade nacional, uma vez que foram acompanhadas apenas duas turmas de uma escola de Lisboa, mas refere que se notou “maior motivação e uma atitude mais positiva para com a escola e a aprendizagem” entre a maioria dos alunos.

Regra geral, “os alunos que mais utilizaram os tablets” foram também “os que mais aprenderam”, diz o professor, considerando que “os tablets podem ser um recurso muito interessante para a aprendizagem dos alunos”. Porém, alguns baixaram as notas: “Sabemos que alguns alunos tiveram alguma dificuldade em gerir o seu tempo”, referiu o professor.

O tablet podia ser usado como os alunos e professores “quisessem”, contou à Lusa o professor, sublinhando que houve um ou outro encarregado de educação que não ficou agradado com a ideia de o seu filho estar ligado em rede 24 horas por dia e que acabou por o proibir de tocar nos aparelhos. Houve alunos que usaram os tablets com muita intensidade para diversão, outros que os usaram pouco, mas de forma eficiente.

Durante dois anos, os investigadores conseguiram acompanhar a utilização do uso dos tablets, graças a um dispositivo de investigação, que passava pela observação de aulas, gravação de aulas – “tivemos mais de 500 horas de aulas gravadas” – entrevistas a alunos e a professores, explicou José Luís Ramos.

Já entre os professores, os do ensino secundário revelaram maior resistência devido aos exames, referiu o investigador ao Jornal de Notícias. “Reconheciam a importância do uso dos tablets, mas queixavam-se que tinham de usar metodologias mais activas e que isso lhes roubava tempo”. 

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