Porto e Bolonha vão testar ferramenta para estimular circulação a pé

Projecto internacional liderado pela Universidade do Minho vai criar aplicação para que os cidadãos possam classificar as ruas por onde andam.

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Peões vão poder classificar as ruas por onde andam no Porto Paulo Pimenta

No próximo ano vai ser possível instalar no telemóvel um sistema de navegação para nos ajudar a escolher caminhos, a pé, para quem circule no Porto e em Bolonha. As duas cidades associaram-se a um projecto internacional liderado pelo Centro de Território, Ambiente e Construção da Universidade do Minho, o "Smart Pedestrian Net - Smart Cities are Walkable", que pretende estimular a circulação pedonal através da partilha de informações sobre percursos mais seguros, mais ou menos verdes, etc.

O projecto, cuja equipa de desenvolvimento envolve, para além dos portugueses da UM, a Universidade de Bolonha, a Universidade Europeia de Chipre e a Associação para o Desenvolvimento Sustentável e Inovador em Economia, Ambiente e Sociedade (Áustria), visa o desenvolvimento de um modelo capaz de avaliar e optimizar as condições para andar a pé em cidades europeias.

Para isso, a equipa do projecto recolheu, num primeiro momento, cerca de 180 indicadores que ajudam a determinar as características de determinados percursos. Estes vão ser agrupados num conjunto bem mais restrito de dimensões, a partir das quais um peão pode definir o tipo de rota que pretende fazer – seguir por espaços verdes, por áreas comerciais, por zonas com menor declive, etc. Do outro lado, os próprios peões vão contribuir para o projecto com as suas avaliações e críticas que, tal como acontece na restauração ou na hotelaria, influenciam os comportamentos de outros “clientes” do espaço urbano.

Outra vantagem deste projecto, explicou ao PÚBLICO o investigador Rui Ramos, do Centro de Território, Ambiente e Construção (CTAC), é que esta informação gerada pelos peões poderá ser usada pelos gestores das duas cidades, os respectivos municípios, para intervenções que melhorem os defeitos apontados pelos utilizadores da aplicação. E este o lado inteligente do projecto, que não se destina apenas a oferecer sugestões de trajectos mas pretende servir o objectivo mais amplo de reorientar o espaço urbano para a circulação a pé.

Incluído no projecto está também a realização de um questionário, nas duas cidades-piloto, para uma primeira avaliação das condições oferecidas por estes espaços aos peões e a auscultação do custo e dos benefícios da promoção do modo pedonal, entre outras quesões. A investigação foi aprovada pela Cofund Smart Urban Futures no âmbito da Joint Programming Initiative Urban Europe, um programa lançado pela Comissão Europeia, e conta com um financiamento de cerca de um milhão de euros até 2020.

Num comunicado sobre este projecto, divulgado esta segunda-feira, a Universidade do Minho lembra que as cidades "enfrentam crescentes desafios de mobilidade devido à forte dependência dos automóveis" e que "o tráfego motorizado é uma importante fonte de poluição atmosférica e sonora nas cidades", sendo que na União Europeia representa 40% das emissões de CO2 (dióxido de carbono) e até 70% dos outros poluentes.

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