Heiko Maas passa da Justiça para os Negócios Estrangeiros no Governo de Merkel

Partido Social Democrata apresenta os seus ministros para o quarto Governo de Angela Merkel.

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A equipa ministerial do SPD HANNIBAL HANSCHKE/Reuetrs

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha vai ser ocupado pelo até agora ministro da Justiça Heiko Maas. Era o cargo que mais atenção despertava no anúncio, feito nesta sexta-feira de manhã, dos ministros do SPD que integrarão o quarto Governo de Angela Merkel em “grande coligação” com a CDU/CSU.

Maas destacou-se recentemente pela lei contra o discurso de ódio na Internet, que causou alguma controvérsia por deixar o poder de retirar publicações nas mãos das redes sociais, que nem sempre reconhecem a sátria.

O seu predecessor, Sigmar Gabriel, não está no novo Governo. Gabriel discordou muito publicamente da nova liderança do SPD – Olaf Scholz e Andrea Nahles – e é esse o motivo pelo qual ficará de fora.

Olaf Scholz, até agora presidente da câmara de Hamburgo, foi quem apresentou os ministros. Vai ocupar, como já era dado como certo, o Ministério das Finanças. Até agora, Scholz prometeu manter alguma ortodoxia do seu predecessor, Wolfgang Schäuble, mantendo o orçamento equilibrado e sem dívida (“zero negro”, como é chamado na Alemanha um orçamento deste tipo) mas também disse que houve “erros no passado” e garantiu que a Alemanha “não quer ditar aos outros países como se devem desenvolver”.

A pasta do Trabalho fica com Hubertus Heil, secretário-geral do SPD, substituindo Katarina Barley. Esta ocupou a pasta brevemente durante a transição após as eleições de Setembro (quando Andrea Nahles, que era então a ministra do Trabalho, passou para a liderança da bancada parlamentar dos sociais-democratas). Será agora ministra da Justiça.

Franziska Giffey é a nova ministra da Família. Até agora presidente da autoridade local de Neukölln, em Berlim, geria no entanto uma quase-cidade de mais de 300 mil habitantes. Giffey vem do antigo Leste – até ao anúncio do SPD não havia nenhum ministro do Leste – com excepção da chanceler. Svenja Schulze, no Ambiente, é outra ministra sem experiência na política nacional, a sua carreira foi feita no executivo da Renânia do Norte-Vestefália, uma região importante em termos de indústria e população e um bastião tradicional do SPD.

O SPD cumpre assim a promessa de ter um igual número de ministras e de ministros – o mesmo acontece com a CDU. Somente a CSU ocupou os seus três cargos ministeriais apenas com homens, e o seu líder, Horst Seehofer, no mais importante, o Ministério do Interior.

Na CDU, Merkel deu lugar a rivais, trazendo o seu crítico mais vocal, Jens Spahn, para o ministério da Saúde, uma pasta difícil. Na Defesa manteve a aliada Ursula von der Leyen; na Economia ficará o antigo chefe de gabinete que ocupou o ministério das Finanças desde a eleição, Peter Altmaier, na Agricultura, a aliada da chanceler Julia Klöckner.

Com a apresentação dos ministros sociais-democratas está completo o executivo do quarto mandato de Angela Merkel, e a sua terceira “grande coligação” – a chanceler governou sempre em parceria com o SPD excepto no segundo mandato, em que se coligou com os liberais (2009-2013).

Espera-se que a chanceler seja agora eleita no Parlamento numa votação na próxima semana. 

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