Ajuda humanitária entrou em Ghouta mas está novamente em risco

Durante a noite houve uma pausa na ofensiva de Damasco sobre o enclave sírio. Porém, na manhã desta sexta-feira, assim que os camiões com ajuda entraram na região os bombardeamentos recomeçaram.

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LUSA/YOUSSEF BADAWI

A coluna de ajuda humanitária que na quinta-feira ficou parada nos arredores de Ghouta Oriental, que fica a dez quilómetros de Damasco, entrou na manhã desta sexta-feira no enclave, depois de uma pausa nos bombardeamentos durante a noite. Porém, os ataques aéreos recomeçaram e os camiões humanitários estão novamente em risco.

Na quinta-feira, o comboio humanitário da Cruz Vermelha, Crescente Vermelho e das Nações Unidas, que se deveria ter deslocado a Douma (a principal cidade de Ghouta),  ficou parada devido aos intensos bombardeamentos na região, existindo acusações de que houve ataques químicos.

No entanto, depois de estabelecida uma pausa durante a noite na ofensiva das tropas do regime de Bashar al-Assad – a primeira nos últimos 20 dias – os bombardeamentos recomeçaram assim que os 13 camiões da Cruz Vermelha, contendo material médico e alimentos, entraram em Douma, noticia a Reuters com base em informações da Cruz Vermelha, do Observatório Sírio para os Direitos Humanos e da ONU.

Ali al-Za’tari, coordenador da ajuda humanitária da ONU para a Síria, disse à agência que o bombardeamento em Douma colocava em risco a coluna humanitária que aí entrou e apelou a um cessar-fogo para permitir que a ajuda chegue aos civis. Os ataques surgiram “apesar das garantias de segurança das partes, incluindo da Federação Russa”, insistiu o mesmo responsável da ONU.

Na segunda-feira, uma coluna humanitária com 46 camiões entrou também em Douma, mas as tropas sírias retiraram a maioria do material. Além disso, os veículos tiveram de recuar antes de distribuir a totalidade da assistência devido à intensa ofensiva aérea e terrestre.

O observatório coloca o número de civis mortos desde o início da ofensiva de Damasco na região nos últimos 20 dias acima dos 900. Já a organização Médicos Sem Fronteiros garante que mais de 1000 civis morreram em Ghouta.

A ofensiva aérea e terrestre das tropas de Assad, que contam com o apoio da Rússia, tem como objectivo expulsar a oposição rebelde que domina ainda o enclave. De acordo com informações que chegaram nesta quinta-feira de Damasco, a queda dos rebeldes estará para breve.

Segundo a ONU, estão ainda em Ghouta cerca de 400 mil pessoas. Tanto Damasco como Moscovo afirmaram ter estabelecido rotas seguras para deixar os civis fugirem. Porém, não há informações de que alguém tenha deixado o enclave.

O Ministério da Defesa russo propôs também esta semana uma saída segura aos rebeldes do enclave. Mas os representantes dos grupos da oposição a Assad recusaram a oferta e garantiram que nunca entraram em contacto com Moscovo.

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