Igualdade de género: até estas crianças entendem o que está mal

A função: separar as bolas azuis e cor-de-rosa e colocá-las nos respectivos recipientes. Os trabalhadores: três pares de crianças, cada par composto por um menino e uma menina. A recompensa (isto é, o salário): um copo de gomas para cada membro da equipa. Afinal, os dois exerceram a mesma função, durante o mesmo período de tempo e com igual aproveitamento. Então porque é que o copo do rapaz está cheio e o da rapariga a meio?

Explicam-lhes: “Molly, a razão de receberes menos do que o Thomas é por seres rapariga”. Continua a não fazer sentido, respondem, tanto eles como elas. “Isso não é bom”; “Não é justo”; “É só estranho”; “Isso é tão errado.”

O vídeo é uma iniciativa do Sindicato do Sector Financeiro da Noruega para denunciar as diferenças salariais entre homens e mulheres. E não é uma questão de ver o copo meio cheio em vez de meio vazio: Portugal é o país europeu onde o fosso salarial mais se agravou.

Segundo dados divulgados esta quarta-feria, 7 de Março, pela Eurostat, as trabalhadoras portuguesas ganham em média 82,5 cêntimos por cada euro que um homem ganha por hora. É uma diferença de 17,5 cêntimos, acima dos 16 cêntimos pagos a menos às mulheres na média europeia. Portugal tem ainda a quinta menor percentagem de mulheres no Governo da União Europeia. E se prestares atenção às placas toponímicas, vais reparar que só 15% das ruas com nomes próprios são de mulheres: "Santas, mães, rainhas"

Estes são alguns dos títulos no destaque que esta quinta-feira, 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, o PÚBLICO levou à primeira página. Porque vale a pena noticiar a desigualdade até todos os copos estarem cheios — ou pelo menos iguais.