Fotogalerias
Um dia que não pode ser esquecido
“Um texto que acompanhe uma série de fotografias para assinalar o Dia Internacional da Mulher”, pede-me ele, voz mansa e quente, ao telefone. E a cabeça começa às voltas, ainda antes de borbulhar aquela pressão de devidamente honrar o trabalho alheio, de devidamente (e sobretudo) honrar a urgência da efeméride, tantas vezes posta em causa por pura ignorância. Por quem decide fechar os olhos perante a evidência da desigualdade em pleno século XXI, nestes singulares tempos de #metoo, em que elas continuam a ganhar menos, a morrer mais, a ter de lutar, sempre e muito, apenas para sobreviver, quanto mais para vencer.
Prega-me uma partida depois. Entre as dezenas de fotografias de mulheres do mundo, de tantas mulheres-mundo, símbolos de resistência e perseverança, força e vida, de criação mas também de sobrevivência, de novos e velhos géneros, surgem caras íntimas. Como a Luísa, irmã do Paulo Pimenta. Como as nossas mães. A dele, Manuel Roberto. A dele também, Adriano Miranda. E a minha. Estaco. Foi o meu primeiro exemplo de resiliência. Entre mulheres, cresci. E entre mulheres aprendi a importância de um dia que não pode ser esquecido. Que esta homenagem dos fotojornalistas do PÚBLICO sirva para perpetuar essa mensagem. Amanda Ribeiro