Milosevic, o musical, está em cena no Kosovo

The Lift - The Slobodan Show: peça divide opiniões e centra-se na vida pessoal e relações familiares do brutal ditador.

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Doze anos depois de ter morrido durante o seu julgamento por crimes de guerra, Slobodan Milosevic, outrora o homem forte da Sérvia, voltou a dividir o seu público – desta feita como uma personagem num musical que se estreou na terça-feira.

The Lift - The Slobodan Show, escrito pela autora de Belgrado Jelena Bogavac, foca-se mais na relação pessoal de Milosevic com a sua poderosa mulher Mirjana, com a sua filha Marija e com o seu filho Marko, e menos na política que o tornou infame.

Milosevic cavalgou uma vaga nacionalista até ao poder em Belgrado, em 1989, quando o comunismo colapsava na Europa de Leste. Depois, conduziu a Sérvia durante uma década de guerras na Bósnia, Croácia e Kosovo. Elevado a símbolo pelos nacionalistas sérvios na sua luta contra os católicos croatas e os muçulmanos albaneses da Bósnia e do Kosovo, Milosevic era visto pelo Ocidente como um ditador brutal.

Cerca de 200 sérvios kosovares foram à estreia da peça num teatro em Gracanica, um enclave sérvio às portas de Pristina, a capital do Kosovo. E estavam divididos quanto à peça. “Na verdade não há aqui nada, é simplesmente uma grande manipulação... um teatro político que conseguiu enganar-nos”, disse Zivojin Rakocevic, antigo jornalista de Gracanica.

Numa cena, Milosevic conforta a filha por causa do mau estado das finanças da estação de rádio que ela possui. Noutra, diz a Marko que não deve aquecer demasiado a água da piscina da família.

Milosevic perdeu o poder depois de uma série de bombardeamentos da NATO em 1999 e na sequência da agitação popular de Outubro de 2000. A peça termina com o seu julgamento por crimes de guerra no Tribunal de Haia, onde morreu de enfarte em 2006.

“Estou encantada... o objectivo de todo o espectáculo está numa só fala, quando um jovem diz ‘Slobo não me influenciou’”, diz Viktorija Zivkovic, que trabalha numa escola local.

“Tentámos mostrar através das suas personalidades o que aconteceu tanto no Kosovo quanto na Sérvia nos anos 1990”, disse a actriz Tamara Tomanovic.

A peça frustrou os cidadãos de etnia albanesa que são a maioria da população kosovar, país que declarou independência de Belgrado em 2008 – algo que ainda não foi reconhecido pela Sérvia e pelos sérvios kosovares. Cerca de 800 mil pessoas de etnia albanesa foram desalojadas e cerca de 10 mil mortas pelas forças de Milosevic durante a guerra de 1998-99.

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