Depois do Pritzker, descobrir o subcontinente indiano na Casa da Arquitectura

Um seminários, dois dias e 28 arquitectos para discutir os poderes da arquitectura.

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A Mesquita Bait-ur-Rouf, em Daca, ganhou o Prémio Aga Khan de Arquitectura em 2016 DR

Na semana em que o Prémio Pritzker de Arquitectura foi atribuído pela primeira vez a um arquitecto indiano, Balkrishna Doshi, a Casa da Arquitectura organiza o INDOOR, um seminário de dois dias em que será possível ouvir outras vozes destacadas do subcontinente, como a arquitecta bengali Marina Tabassum e o arquitecto cingalês Vijitha Basnayake.

O encontro de Matosinhos, que junta 28 arquitectos esta sexta-feira e no sábado e foi organizado por  Roberto Cremascoli, procura contextualizar os vários poderes à volta dos quais se construiu a exposição inaugural da Casa da Arquitectura, Poder Arquitectura, que encerrará na próxima semana. No painel sobre o Poder Ritual, por exemplo, propõe-se discutir a obra desta autora do Bangladesh que em 2016 recebeu o Prémio Aga Khan pela Mesquita Bait-ur-Rouf. O trabalho de Marina Tabassum será debatido num painel que integra ainda Pedro Bandeira, Inês Lobo e Joaquim Moreno, numa mistura de perspectivas que cruza artes visuais, arquitectura e curadoria, e que encerra o seminário, às 16h30 de sábado. Na terça-feira, às 19h, é ainda possível ouvir a arquitecta numa conferência marcada para o Centro Cultural de Belém em Lisboa, intitulada Construir em Bangladesh.

Já o arquitecto do Sri Lanka está incluído no painel de abertura, dedicado ao Poder Colectivo (sexta-feira,10h30). Ali mostrará um trabalho que explora intensivamente a reutilização dos materiais.

Ambos, Marina Tabassum e Vijitha Basnayake reinventam a tradição local partindo da radicalidade do modernismo, como espelha o expressivo uso do tijolo de Tabassum na mesquita de Daca, através da manipulação de cheios e vazios que resulta num cuidado jogo com a luz e a ventilação.

A segunda discussão centra-se em Portugal, em torno do Poder Doméstico, com os arquitectos Jorge Carvalho, Camilo Rebelo, João Mendes Ribeiro e Alexandre Dias. À tarde, às 14h30, o Poder Tecnológico põe em diálogo os investigadores Paolo Tombesi e Ivo Poças Martins com o arquitecto húngaro Hatvani Adam (Spora Architects), autor de duas estações de metro em Budapeste, e o artista Bruno Figueiredo. Já o Poder Económico, logo a seguir, junta os arquitectos Miguel Judas, Pedro Appleton (atelier Promontório) e João Pedro Serôdio.

No sábado, às 10h30, Manuel Correia Fernandes, ex-vereador do Urbanismo do Porto, e João Belo Rodeia, que já presidiu a Direcção-Geral do Património, discutem o Poder Regulador com João Luís Carrilho da Graça, autor do novo Terminal de Cruzeiros de Lisboa. Às 11h45, o Poder Cultural junta o arquitecto italiano Renato Rizzi, que desenhou o Teatro Shakesperiano de Gdansk (Polónia), e Manuel Aires Mateus, o arquitecto português que acabou de ganhar o Prémio Pessoa, bem como os críticos Luís Santiago Baptista, Chris Watson e Nuno Grande. Antes do encerramento com Marina Tabassum, é ainda a vez dos arquitectos Ricardo Carvalho e Nuno Brandão Costa, também críticos e curadores, discutirem o Poder Mediático, provavelmente a futura presença nacional na Bienal de Veneza, um dos momentos de máxima visibilidade internacional no calendário da arquitectura e que este ano tem como curadores o próprio Brandão Costa e Sérgio Mah.

Quase todos estes conferencistas e arquitectos cruzam o seu trabalho com a exposição Poder Arquitectura – que teve o comissariado de Jorge Carvalho, Pedro Bandeira e Ricardo Carvalho e que deverá encerrar no próximo dia 18 –, participando muitos deles com ensaios no livro-catálogo que foi publicado em português e inglês pela editora suíça Lars Müller.

Notícia alterada dia 9: acrescenta conferência de Marina Tabassum no CCB

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