Adeus e obrigado, NME

O NME já tinha morrido mas é sempre triste quando um jornal que amámos durante quase uma vida inteira — e que tanto prazer nos deu — deixa de ser publicado.

Tornei-me assinante do New Musical Express em Maio de 1963, tinha eu sete anos e o NME, como viria a chamar-se, onze. O primeiro álbum dos Beatles tinha saído em Março, no segundo dia da Primavera. Segundo o poema Annus Mirabilis de Philip Larkin: "Sexual intercourse began/In nineteen sixty-three/(which was rather late for me)/Between the end of the 'Chatterley' ban/And the Beatles' first LP".

Para começar em 1963 teria de ser entre 1 de Janeiro e 21 de Março. A proibição de vender Lady Chatterley's Lover foi levantada em Novembro de 1960. O julgamento ocupou todas as primeiras páginas dos jornais e pouco depois, em 1961, a Penguin inundou o mercado com uma segunda edição dedicada aos membros do júri que considerou a editora not guilty. Isto só para dizer que para ler o romance de D.H.Lawrence 1961 foi rather early for me.

Eu estava interessado nos Beatles e nos Rolling Stones mas graças à injecção semanal do NME (e mais tarde do Melody Maker) havia dezenas de outros artistas, americanos e britânicos, para seguir e tentar ouvir.

Li continuamente o NME sem falhar um único número desde 1963 até, para aí, 1995. O tempo de glória do NME foi do Punk em 1976 até à saída de Paul Morley em 1983. Continuou bom depois mas foi lentamente perdendo a provocação e a graça até bater no fundo quando se tornou um jornal gratuito em 2015.

O NME já tinha morrido mas é sempre triste quando um jornal que amámos durante quase uma vida inteira - e que tanto prazer nos deu - deixa de ser publicado.

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