Bicicletas da oBike voltam à rua “daqui a uma ou duas semanas”
Embora "surpreendido" com a decisão da câmara de mandar remover os veículos, o responsável pela empresa mostra-se confiante nas negociações com a autarquia.
As bicicletas da oBike vão voltar às ruas de Lisboa “daqui a uma ou duas semanas”, acredita o responsável pela introdução deste sistema de bicicletas partilhadas em Portugal. O Dinheiro Vivo avançou esta quarta-feira que a empresa de Singapura que chegou a Lisboa no início de Fevereiro com 350 bicicletas para partilhar - e que a câmara mandou retirar das ruas – pretende retomar a actividade, assim que receber o aval da autarquia.
Ao PÚBLICO, Assaf Amit diz que a empresa está a trabalhar com o município para chegar a um entendimento sobre como estes velocípedes – que não precisam de estações fixas para funcionar – podem ocupar o espaço público sem se tornarem um empecilho.
Como o PÚBLICO noticiou na terça-feira, a autarquia mandou retirar de Lisboa todas as bicicletas da oBike porque a empresa começou a funcionar “sem que tenha sido obtida a permissão administrativa necessária para esta actividade comercial” e porque a “utilização desregrada da via pública tem causado transtorno aos munícipes, sendo recorrentes as situações onde o despejar destas bicicletas no passeio se tornou um obstáculo para a mobilidade dos transeuntes”.
Só nesta quarta-feira é que o PÚBLICO conseguiu contactar um responsável da oBike em Portugal. “Fiquei um pouco surpreendido” com a posição da câmara, admite Assaf Amit, reconhecendo que não sabia que tinha de pedir autorização ao município para iniciar a actividade. “A câmara está a ajudar-nos muito, a guiar-nos, são pessoas muito simpáticas”, diz o responsável da oBike, confiante de que as conversas vão dar frutos. “Acredito que daqui a uma ou duas semanas voltaremos à rua.”
Na segunda-feira, o vereador da Mobilidade, Miguel Gaspar, salientou que a decisão da autarquia nada tinha a ver com o facto de a Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) ter também um sistema de bicicletas partilhadas. “Queremos muito fazer isto em diálogo, estamos muito interessados e disponíveis para lidar com este fenómeno de forma construtiva”, disse.
Assaf Amit saúda esta posição. “Temos duas soluções diferentes, mas eles sabem que não podem travar outras tecnologias”, explica, referindo-se ao facto de as bicicletas da oBike não precisarem de estações e as da EMEL precisarem. “Eles querem cooperar porque também querem ter melhor mobilidade na cidade”, acrescenta. “O nosso projecto é muito, muito bom e muito útil, não só para as pessoas da cidade mas também para os turistas”, afirma Assaf Amit.
A empresa de Singapura chegou a Portugal no início de Fevereiro e colocou das ruas da capital 350 bicicletas que não precisam de ser deixadas num ponto fixo de estacionamento. Basta aceder à aplicação da oBike e é apresentado um mapa da cidade com as bicicletas disponíveis. Quem as quiser usar paga 50 cêntimos por cada 30 minutos de utilização.
O modelo de negócio da oBike é muito semelhante ao dos chineses da Ofo, que entraram em Cascais, em Outubro, com 50 bicicletas.
A oBike não é a única empresa privada de bicicletas partilhadas a querer estabelecer-se em Lisboa. Há também outras empresas de partilha de automóveis e de motas que têm entrado no mercado. A câmara tem negociado caso a caso e, para já, não está no horizonte do executivo a criação de um regulamento para estas actividades.
A entrada de mais operadores no mercado traz alguns desafios de regulação. Uma das empresas que prestava estes serviços em França, por exemplo, cancelou recentemente a sua actividade naquele país porque, em poucos meses, centenas de bicicletas foram vandalizadas na via pública ou roubadas. Em Paris, muitas delas foram parar ao fundo do rio Sena.