Primeira entrevista conjunta de António José Saraiva e Óscar Lopes publicada em livro

A dupla de investigadores assinou uma incontornável História da Literatura Portuguesa que vai actualmente na sua 17.ª edição.

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Óscar Lopes em 1999 MÁRIO MARQUES/ARQUIVO

A primeira entrevista conjunta dos investigadores António José Saraiva (1917-1993) e Óscar Lopes (1917-2013) é publicada em livro, este mês, pela editora Gradiva, com o título António José Saraiva e Óscar Lopes – Uma relação exemplar.

A edição, que surgirá na colecção Gradiva-Breve, tem uma introdução do jornalista José Carlos Vasconcelos, que, na Primavera de 1990, entrevistou os dois na casa de António José Saraiva, no bairro lisboeta de Campo de Ourique, encontro do qual dá detalhada notícia.

Em A pequena 'história' de uma entrevista, Vasconcelos conta como a agendou e a preparou com cada um dos autores, e como "pretendia, fundamentalmente, dar testemunho do trabalho e percurso comum de ambos, ao longo de décadas; [d]as naturais convergências e divergências de opiniões, nos campos da literatura, da cultura, da política", assim como da amizade, das memórias e das histórias de ambos.

Entre a azáfama da entrevista, uma curiosidade registada – a posição de entrevistador e entrevistados –, pois tanto um como outro ouviam mal, "e cada um deles [era] muito mais 'surdo' de um ouvido do que de outro, havendo por isso de se 'situarem' em conformidade", conta Vasconcelos, director do Jornal de Letras, Artes & Ideias (JL), onde foi publicada esta entrevista, pela vez primeira, a 17 de Abril de 1990.

Os dois intelectuais conheceram-se na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e colaboraram juntos na História da Literatura Portuguesa, publicada há 35 anos, e actualmente na sua 17.ª edição, obra que "contribuiu de forma decisiva para a formação de sucessivas gerações de jovens".

Quando deram esta entrevista, preparavam a 16.ª edição da História da Literatura Portuguesa, com uma tiragem prevista de vinte mil exemplares.

Desse encontro, sublinha Vasconcelos, resulta "com clareza" "a alta qualidade intelectual" dos dois investigadores, "o extraordinário trabalho comum" que realizaram, com "grande respeito um pelo outro", a "mútua admiração" e uma "profunda amizade".

O jornalista afirma, "sem nenhuma ofensa", que por vezes "lembravam os dois velhotes dos Marretas, a famosa série televisiva de Jim Henson, constantemente a resmungar, ou melhor: a rezingar um com o outro".

"Sobretudo António José – na sua forma de ser muito mais informal, espontânea e, lá está, 'anarca' – com Óscar", este "muito mais ordenado, racional e aparentemente frio".

Tanto um como outro publicaram outros títulos individualmente e, em 2004 foi publicada, também pela Gradiva, a Correspondência entre os dois intelectuais, organizada por Leonor Curado Neves.

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