Uma em cada cinco raparigas casa-se antes de fazer 18 anos

Em dez anos, a taxa de casamento infantil caiu 20% em todo o mundo, mostram os números da Unicef. Ainda assim, há 12 milhões de casamentos infantis por ano.

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A queda mais acentuada verificou-se na Índia Reuters/AMIT DAVE

Na última década registaram-se menos 25 milhões de casamentos infantis em todo o mundo, avança a Unicef, num relatório divulgado nesta terça-feira. São boas notícias: em dez anos, a taxa de casamento infantil caiu 20% em todo o mundo. A maior redução verificou-se nos países do Sul da Ásia, em particular na Índia.

Há dez anos, 25% das raparigas casavam-se antes de cumprirem 18 anos. Hoje, apenas 20% se casa antes da maioridade, mostram os números da Unicef. No comunicado lê-se que a proporção de casamentos infantis caiu 15% mas na realidade, fazendo as contas, são 20% ou cinco pontos percentuais

A queda mais acentuada verificou-se na Índia, onde uma campanha de alerta para os perigos do casamento precoce começou a surtir efeito. “O aumento das taxas de educação das raparigas, os investimentos proactivos do governo em raparigas adolescentes e as fortes mensagens públicas em torno da ilegalidade do casamento infantil e dos danos causados são razões da mudança”, avalia Anju Malhotra, Conselheira Principal para o Género na Unicef, citada no comunicado.

Outro exemplo de boas práticas nesta matéria é a Etiópia, país onde a prevalência de casamentos na infância caiu um terço na última década, informou o Fundo das Nações Unidas para a Infância.

“Qualquer redução são boas notícias – mas ainda há muito a fazer”, diz Malhotra. Apesar da queda verificada, ainda se casam 12 milhões de raparigas por ano em todo o mundo. A zona mais preocupante para a Unicef é a África subsaariana, onde será necessário reforçar as taxas de progresso para fazer frente ao aumento populacional. “Das mais recentes noivas crianças casadas, cerca de uma em cada três estão agora na África subsaariana, em comparação com uma em cada cinco há uma década”, lê-se no comunicado de imprensa da Unicef.

“Quando uma criança é obrigada a casar cedo enfrenta consequências imediatas que duram toda a vida”, afirma Malhotra. “As hipóteses de acabar os estudos decrescem enquanto as probabilidades de ser maltratada pelo marido e sofrer complicações durante a gravidez aumentam. Também há consequências sociais enormes, e um risco maior de ciclos de pobreza intergeracionais [perpetuação da pobreza entre gerações]”, explica.

Fica um alerta: o compromisso estabelecido nos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável para 2030 sobre redução dos casamentos infantis pode estar em risco se os esforços não forem reforçados. “Sem rápidos progressos, mais cerca de 150 milhões de raparigas casarão antes dos 18 anos até 2030”, informa o relatório.

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