Celeste Amaro elogiou companhia teatral que não “incomoda” a pedir dinheiro. Bloco questiona governo

BE pergunta se responsável pela Direcção Regional da Cultura do Centro tem condições para continuar no cargo depois de declarações que considera “insultuosas”.

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Joaquim Damaso

O Bloco de Esquerda quer saber se o governo acompanha a responsável pela Cultura do Centro do país no que toca aos apoios à criação artística. A directora da Direcção Regional da Cultura do Centro (DRCC), Celeste Amaro, enalteceu uma companhia de teatro profissional de Leiria por não “incomodar” a administração com pedidos de apoio, declarações que o grupo parlamentar do BE considera um insulto.

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O Bloco de Esquerda quer saber se o governo acompanha a responsável pela Cultura do Centro do país no que toca aos apoios à criação artística. A directora da Direcção Regional da Cultura do Centro (DRCC), Celeste Amaro, enalteceu uma companhia de teatro profissional de Leiria por não “incomodar” a administração com pedidos de apoio, declarações que o grupo parlamentar do BE considera um insulto.

No sábado, na apresentação da programação para 2018 da companhia Leirena, Celeste Amaro enalteceu o facto de a estrutura não ter pedido apoio. "Vim cá a Leiria porque, por incrível que pareça, não me pediram dinheiro. Como é possível? Ainda por cima na área do teatro! Foi algo que me tocou bastante. É uma lição de como um grupo de teatro profissional, com três actores, que se dedica de corpo e alma ao seu trabalho, vive sem pedir dinheiro, não incomoda a administração central", disse, citada pela agência Lusa. "Apresentaram tudo o que fazem e não me pediram dinheiro", afirmou ainda Celeste Amaro, referindo-se a uma reunião anterior com a companhia teatral.

Agora, o grupo parlamentar do Bloco pergunta ao governo se acompanha a responsável nas suas declarações, mas também se considera que Celeste Amaro tem condições para continuar a desempenhar as suas funções na DRCC. Os bloquistas entendem que não só as afirmações da directora são “insultuosas” para “artistas e estruturas artísticas que são parceiros/as do Estado na prestação de um serviço público”, como “contrariam de forma evidente o programa do actual Governo neste domínio”.

“Se as pessoas levam à letra tudo aquilo que se diz, então não podemos falar em nada”, argumenta Celeste Amaro ao PÚBLICO, explicando que as declarações foram feitas “num contexto” específico. A directora clarifica que queria destacar as companhias que subsistem com outros apoios que não o da administração central. "Se isso incomoda o Bloco de Esquerda não posso fazer nada”. E questiona: “Será que só quem pede dinheiro é bom a gerir os seus espaços?”

A Lusa refere também que a directora da DRCC elogiou o grupo por este não ter apresentado candidatura aos apoios da Direcção Geral das Artes. “Preferiram estar a trabalhar nesta programação, que não fica nada a dever às companhias profissionais subsidiadas, em que vez de estarem ao computador a tratar do processo”, acrescentou.

Para o BE, esta postura revela “uma visão distorcida do que devem ser as relações entre o Estado e agentes culturais”, para além de “uma profunda incompreensão dos fins a que se destina, e que justificam, o investimento público na criação artística”.