Educadoras de infância manifestam-se em Lisboa para reclamar tempo de serviço em creches

"São milhares os educadores que, terminando os cursos, começam pelas creches e só depois chegam aos jardins-de-infância. Apagar esse tempo é de uma injustiça tremenda", diz Mário Nogueira.

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Protesto junto ao Ministério da Educação, nesta segunda-feira ANTÓNIO COTRIM/Lusa

Cerca de 100 educadoras de infância manifestaram-se nesta segunda-feira em Lisboa para exigir a passagem das creches para a tutela do Ministério da Educação, garantindo-lhes que o tempo de serviço conta para as carreiras.

Em frente ao Ministério da Educação, o dirigente da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) Mário Nogueira, disse à agência Lusa que "só por teimosia" é que a tutela não conta o tempo de serviço em creche como docência.

Todas as creches precisam de ter educadores de infância, sejam públicas ou privadas, notou, salientando que "o trabalho é absolutamente o mesmo" quando se passa para o jardim-de-infância, a partir dos três e até aos seis anos.

"Os educadores não estão nas creches a mudar fraldas ou a fazer trabalho de puericultura, é um trabalho educativo, por isso é que a lei obriga a que lá estejam", afirmou Mário Nogueira, assinalando que nas orientações curriculares definidas por este Governo, a educação pré-escolar vai dos zero aos seis anos.

No entanto, as creches em que estão crianças até aos três anos estão na dependência do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Faz falta "uma resposta pública de creches" porque as famílias precisam dela, defendeu o sindicalista.

Reconhecidos como docentes

"São milhares os educadores que, terminando os cursos, começam pelas creches e só depois chegam aos jardins-de-infância. Apagar esse tempo é de uma injustiça tremenda", considerou.

A educadora de infância Céu Almeida, com 25 anos de serviço, afirmou que a classe quer ser reconhecida "como docente, também".

"As crianças não nascem aos três anos", declarou, afirmando que o tempo antes dos três anos é "o mais fundamental em termos de desenvolvimento".

"São crianças menos autónomas e somos nós que temos que dar todo o apoio a crianças que nos aparecem desde os seis meses e é preciso muito empenho e dedicação", referiu.

Céu Almeida queixou-se também que as educadoras com serviço em creche são mantidas nessa valência para não ter que se reconhecer esse tempo para progressão nas carreiras, o que significa diferenças de vencimento que podem ir "de duzentos a trezentos euros" em relação a colegas com menos tempo de trabalho.

Mário Nogueira referiu que no próximo concurso interno para educadores de infância a situação deve ser resolvida, contando para os anos de carreira o tempo em creche.

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