Transformar os “dumbphones” em “smartphones” pelo ambiente

Campanha #dumphones quer mudar a forma como os equipamentos móveis são desenhados, trazendo vantagens para os utilizadores e para o ambiente

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Pixabay

Smartphones? Ou dumbphones? Organizações ambientalistas europeias lançam esta segunda-feira, 5 de Março, uma campanha a defender que os telemóveis inteligentes sejam mais vezes reparados, actualizados e reciclados, evitando o consumo de recursos na produção e os resíduos, quando deixam de ser usados.

"Existem mais telemóveis na Europa do que habitantes e, desde 2007, foram produzidos mais de sete mil milhões destes equipamentos", mas 78% dos utilizadores tiveram que substituir os aparelhos por razões que seriam evitáveis, se a forma de produção fosse diferente, refere um comunicado divulgado pela Zero.

A Associação Sistema Terrestre Sustentável Zero é uma das organizações não governamentais (ONG) que apoia a iniciativa promovida pelas organizações European Environmental Citizens Organization for Standardization e European Environmental Bureau. O principal objectivo é sensibilizar a Comissão Europeia para a necessidade de integrar os smartphones (telefones inteligentes) nas ferramentas de ecodesign e etiqueta energética já aplicadas a outros equipamentos na Europa e que "têm ajudado os cidadãos e as empresas a poupar energia e dinheiro", explicam os ambientalistas.

A campanha, explicam, chama-se #dumbphones (telefones "burros"), em contraponto com a designação smartphones, e vai circular nas redes sociais. Aliás, um folheto da campanha tem o título "o seu smartphone é burro", realçando que mudar a forma como estes equipamentos são desenhados tem vantagens para os utilizadores e para o ambiente.

Transformar os dumbphones em smartphones

Para produzir um smartphone são necessários 70 quilogramas de recursos naturais como minerais, metais raros, materiais tóxicos e plásticos cuja exploração afecta o ambiente. Quando são analisadas as razões que levam os consumidores a substituírem o seu telemóvel, os ambientalistas concluem que muitas são evitáveis.

A opção por um novo aparelho está relacionada com a dificuldade e elevado preço a pagar para reparar um ecrã para substituir o partido, com a impossibilidade de obter uma bateria nova quando a antiga deixa de funcionar, ou de actualizar peças antigas para integrar inovações no equipamento, por exemplo, relacionadas com as câmaras. Por isso, as ONG de ambiente salientam que contemplar o acesso à bateria, melhorar a resistência ao choque e à água ou garantir as actualizações de software e a disponibilidade de peças para reparação são aspectos de ecodesign que podem fazer com que os smartphones deixem de ser dumbphones.

Realçam, igualmente, a importância de os telemóveis passarem a ter uma etiqueta energética que contemple o consumo de energia, a avaliação das possibilidades de reparação e uma garantia mais longa, para promover a sua durabilidade. "É urgente que um equipamento tão relevante para o dia-a-dia de quase todos os europeus cumpra os requisitos de ecodesign que permitam prolongar a sua vida útil e [possibilitem] uma escolha mais informada por parte dos consumidores", resumem as organizações. 

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