Engraxador de sapatos percorre o país para divulgar actividade em extinção

Carlos Nunes, mais conhecido como “Carlinhos, o engraxador de sapatos”, partiu de Tavira e está a percorrer todas as capitais de distrito do país.

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DANIEL ROCHA/DANIEL ROCHA

Carlos Nunes, um engraxador de sapatos natural de Tavira, está a percorrer o país para alertar para uma actividade que está a cair em desuso, reivindicar a criação do Dia Nacional do Engraxador e homenagear os bombeiros voluntários portugueses. Nesta segunda-feira, instalou a caixa de engraxador no Quartel dos Bombeiros da Cruz Branca, em Vila Real, para engraxar as botas dos operacionais. 

Pedro Guedes foi o primeiro a sentar-se. Depois de uma semana de incêndios e de neve, as botas estavam sujas. Para o bombeiro, esta foi uma iniciativa que ajudou a relembrar os tempos de antigamente, em que havia um engraxador em Vila Real, uma actividade que já deixou de existir na cidade transmontana. 

Contando que os bombeiros se esforçam para manter as botas “mais ou menos apresentáveis”, referiu que este trabalho de limpeza é feito nos tempos mortos. “Também é bom lembrarem-se de nós, porque, ao fim ao cabo, somos um pouco esquecidos”, frisou.

Carlos Nunes, mais conhecido como “Carlinhos, o engraxador de sapatos”, partiu de Tavira e está a percorrer todas as capitais de distrito do país para chamar a atenção para uma actividade “que está a acabar”. O objectivo é angariar apoios com vista à criação do Dia Nacional do Engraxador, e, para isso, quer chamar a atenção do Governo, a quem compete a designação destes dias nacionais, e do Presidente da República. Na sua opinião, 23 de Abril seria ideal para se assinalar este dia nacional.

Contabilizando “uns 15 engraxadores” em todo o país, com principal incidência em Lisboa e no Porto, e notando que, em muitos locais por onde tem passado, como Vila Real, esta actividade já não existe, reage assim: “É uma profissão muito antiga e, por mim, não vai terminar”.

O engraxador tem passado pelos centros das cidades e também pelas corporações de bombeiros, onde engraxa de forma gratuita as botas dos operacionais. “É uma homenagem que quero fazer pelo trabalho que os bombeiros fazem em todo o país”, justificou. A iniciativa termina na Festa do Contrabando de Alcoutim, que decorre entre 23 e 25 de Março.

Carlos Nuno tem 46 anos e começou a exercer a profissão aos 23 anos, em Tavira, e garantiu que ainda tem muitos clientes que o procuram na sua cidade, entre os quais bancários e polícias.

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