“Sim” do SPD ao referendo assegura quarto mandato de Merkel

”Grande coligação” deverá tomar posse na próxima semana. Sociais-democratas vão agora discutir nomes de ministros, com interrogação especial para os Negócios Estrangeiros.

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Olaf Schol, que será o próximo ministro das Finanças, foi um dos líderes do SPD que anunciou os resultados, Olaf Schol, que será o próximo ministro das Finanças, foi um dos líderes do SPD que anunciou os resultados FELIPE TRUEBA/EPA,FELIPE TRUEBA/EPA
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Andrea Nahles, a líder parlamentar do SPD, e Olaf Scholz a prestarem declarações, ainda antes de serem anunciados os resultados do referendo interno Hannibal Hanschke/REUTERS

Os militantes do Partido Social Democrata (SPD) alemão aprovaram a entrada do partido de centro-esquerda numa “grande coligação” com os conservadores da União (CDU e CSU) da chanceler Angela Merkel, pondo fim a semanas de especulação sobre se a Alemanha teria finalmente um executivo após as eleições de 24 de Setembro.

Os resultados foram anunciados pelo tesoureiro do partido, Dietmar Nietan: 66% votaram “sim” à coligação. Ao seu lado, Olaf Scholz, o provável novo ministro das Finanças, congratulou-se pelo resultado mas não respondeu à pergunta de um jornalista sobre quem serão os ministros do SPD: “Vamos ver na próxima semana. Certo é que temos seis ministros, dos quais três serão mulheres e três homens, e alguns serão novos [no governo] e outros não”.

Os 463.723 votos chegaram na véspera à sede do SPD, a Willy Brandt Haus, em Berlim, num gigante camião amarelo da Deutsche Post, e foram contados durante a noite por 120 voluntários do partido. 

Debate entre gerações

A participação na "grande coligação" foi um dilema que levou a um enorme debate no partido, com uma ala mais pragmática (e mais velha) a defender que mais vale estar no Governo e conseguir algumas medidas social-democratas do que estar fora e não conseguir nenhuma, e uma ala mais jovem a defender que a identidade de esquerda do partido está a desaparecer com as sucessivas participações em governos de Merkel, em que é percebido como um partido igual ao conservador da chanceler, que se moveu para o centro.

As “grandes coligações”, que juntam os dois grandes partidos tradicionais da política alemã, os conservadores da CDU e os sociais-democratas do SPD, foram sempre vistas como uma solução de último recurso e não uma combinação governativa “normal”, como eram as coligações entre estes partidos e o Partido Liberal Democrata (que ia servindo de “apoio” aos governos alternados liderados pela CDU ou pelo SPD) ou, depois de 1998, os Verdes, que se juntaram a um Governo do SPD liderado por Gerhard Schröder.

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Chegada dos votos dos militantes à sede do SPD Hannibal Hanschke/REUTERS

A primeira “grande coligação” aconteceu após a demissão de ministros liberais de um governo da CDU nos anos 1960; a segunda após um quase empate entre a CDU de Merkel e o SPD do chanceler Gerhard Schröder, em que este perdeu por pouco (em 2005, no primeiro Governo Merkel).

A terceira aconteceu em 2009, quando os liberais, que foram o parceiro de coligação do segundo governo de Merkel, não conseguiram entrar no Parlamento, deixando como única hipótese a “grande coligação” (ou uma incluindo o partido de esquerda Die Linke, que não é considerado um parceiro de coligação a nível nacional, apenas a nível dos estados-federados).

Nas eleições de Setembro do ano passado, com a entrada do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) no Parlamento pela primeira vez em terceiro lugar, as combinações possíveis seriam uma coligação “Jamaica” (entre a União, os liberais democratas e Verdes) ou uma nova “grande coligação”, mas na noite eleitoral o SPD excluiu logo entrar no Governo, prometendo ser a primeira força da oposição – caso não fosse, este papel caberia à AfD. Para isso terá contribuído o pior resultado do pós-guerra dos sociais-democratas, 20,5%.

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Kevin Kuehnert, líder da juventude do SPD, liderou a oposição interna à nova coligação com o SPD HAYOUNG JEON/EPA

Essa tentativa de uma coligação "Jamaica", que seria a primeira num Governo nacional, falhou quando os liberais se retiraram das conversações dizendo que o seu programa era incompatível com o dos outros partidos. Isso assim apenas a hipótese de “grande coligação” – ou um governo minoritário, que Merkel já repetira que não quer, ou novas eleições.

O SPD fez um primeiro voto em congresso sobre se iniciaria negociações com a CDU e como na "grande coligação anterior", submeteu dpeois o acordo de coligação aos seus militantes em referendo.   

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