Lá em casa, quando alguém se metia em “cavalarias altas”, vinha logo a graçola: “Eh, pá, estás armado em Tim McCoy!” A referência popular só era descodificada pelas gerações mais antigas, porque a carreira de Tim McCoy (1891-1978) pertence quase toda ao período do cinema americano pré-Segunda Guerra Mundial, e iniciou-se em 1925, ainda no tempo do mudo. 

Mas a referência sobreviveu até aos anos 1970 e isso reflecte a enorme popularidade deste actor, que foi uma das grandes estrelas do western americano no período entre as duas grandes guerras, em grande parte devido à “verosimilhança” que trazia às suas aventuras de 60 minutos, concebidas como “filmes de complemento” para programas duplos. Embora fosse natural da costa Leste e até tido alguns estudos universitários, McCoy largou tudo para trabalhar num rancho do Wyoming, e a sua perícia como cavaleiro e atirador, bem como o seu interesse e estudo das tribos índias, garantiu-lhe o papel de “consultor técnico” em vários westerns do tempo do mudo. 

A ingenuidade destes filmes pode ter sido esquecida ou ficado para trás, mas a sua importância histórica é inegável, pelo que se justifica plenamente, nesta temporada de prémios e festivais, olhar para trás e aproveitar o pequeno ciclo histórico-temático que o TVCine nos propõe a partir da próxima quinta-feira (8). Ao longo das próximas quatro semanas, vamos perceber por que é que Tim McCoy deu origem a uma graçola lusitana, com quatro westerns dos anos 1930, produzidos pela Columbia, com McCoy no papel do herói valente, honesto e corajoso. A 8, passa A Lei do Murro (1932); a 15 O Cavaleiro Ciclone (1932); a 22 Vingança a Galope (1935); e a 29 Um Acusado Inocente (1932). Com um “bombom” para os apreciadores: em A Lei do Murro, se olharem com atenção, encontrarão John Wayne e Walter Brennan entre os actores secundários. Eram outros tempos do western, outras cavalarias altas.