Grillo regressa para ajudar o M5S no fim da campanha

Renzi dramatiza discurso numa entrevista e num comício final.

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Grillo com Luigi Di Maio no comídio de Roma TONY GENTILE/Reuters
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Renzi tentou apresentar o PD como única alternativa a uma Itália liderada por gente radical ALESSANDRO DI MARCO/EPA

Numa campanha com poucos comícios nas grandes praças de Itália, com os candidatos a desdobrarem-se para aparecer em programas de televisão, o último dia de campanha, nesta sexta-feira, viu quase todos os partidos recorrerem à velha fórmula.

Matteo Renzi, líder do Partido Democrático e da coligação de centro-esquerda, esteve na sua cidade, Florença; a Liga com Matteo Salvini voltou a Milão (onde realizara o até agora único grande comício de rua); o Movimento 5 Estrelas escolheu Roma, como em 2013, e nem faltou Beppe Grillo, o fundador do partido anti-sistema que em Janeiro anunciou o afastamento da política.

Era difícil resistir: afinal, há cinco anos, foi em Roma que Grillo se emocionou dois dias antes de abalar a política italiana, quando obteve um quarto dos votos sem falar a televisões ou jornais.

É provável que a intervenção de Grillo anime mais os potenciais eleitores do que o governo apresentado na véspera pelo jovem que os apoiantes do M5S escolheram para concorrer à chefia do Governo, Luigi Di Maio. Numa equipa de 17 pastas, a maioria dos escolhidos são peritos nas respectivas áreas, académicos sem experiência política. Três mulheres foram escolhidas para três dos principais ministérios, quase sempre nas mãos de homens – Interior, Negócios Estrangeiros e Defesa.

“Alguns riram-se de nós por apresentarmos uma equipa virtual, mas nós é que nos vamos rir quando os italianos nos derem 40%”, afirmou Di Maio. Silvio Berlusconi chegou a afirmar que Di Maio não tem uma licenciatura como se isso o desqualificasse – é verdade, frequentou os cursos de Engenharia e Direito sem terminar nenhum. Mas o mesmo acontece com os dois principais aliados de Berlusconi, Matteo Salvini e Giorgia Meloni, ambos sem estudos superiores.

Renzi apagado

Numas eleições em que o centro-esquerda partiu como perdedor, com a disputa principal a fazer-se entre a direita e o 5 Estrelas, Renzi esteve muito apagado. Mas tentou um último esforço, com uma grande entrevista ao diário La Repubblica e várias acções de campanha, apostando tudo em apresentar o PD como única alternativa a uma Itália liderada por gente radical e de pouca confiança.

A Itália “corre o risco de uma maioria com Grillo, Salvini e Meloni, um pacto entre a Liga e o Movimento 5 Estrelas”, avisou. “Digo-o de forma realista. Sem o PD como primeiro partido, o país arrisca-se a ter um governo extremista”, acrescentou o homem que foi primeiro-ministro entre 2014 e Dezembro de 2016.

O problema com Renzi é que nunca foi muito popular enquanto primeiro-ministro e a forma como deixou a chefia do executivo, depois de ver chumbada a sua reforma constitucional em referendo, não ajudou.

Aliás, os italianos têm melhor impressão do homem que o substituiu, Paolo Gentiloni. Também Gentiloni deu uma entrevista publicada esta sexta-feira, a sua no Corriere della Sera, mas com os mesmos avisos. “Atenção para não nos despistarmos. A nossa coligação vai ficar à frente do M5S e espero que o PD sozinho também”.

 

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