Rede de Apoio a Familiares e Amigos de Vítimas de Homicídio acompanhou 76 pessoas

No ano passado foram relatados nos media 29 homicídios tentados e 26 consumados, segundo Observatório de Imprensa de Crimes de Homicídio em Portugal.

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A maioria das pessoas que recorre a esta rede são mulheres miguel manso

Em 2017, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) apoiou 51 familiares e amigos de vítimas de homicídio consumado ou tentado e 25 vítimas directas de homicídio tentado, num total de 76 pessoas.

Segundo um relatório publicado nesta sexta-feira, a ajuda da Rede de Apoio a Familiares e Amigos de Vítimas de Homicídio (RAFAVH) desta organização concretizou-se em 563 atendimentos especializados.

A rede existe há cinco anos e foi criada porque a APAV entende que o apoio a familiares e amigos de vítimas de homicídio "é fundamental", até porque estas pessoas são descritas por alguns como  "vítimas ocultas", já que sofrem os efeitos dos crimes praticados contra alguém próximo. 

A RAFAVH acompanha e apoia vítimas e familiares e amigos de vítimas. No que diz respeito ao crime de homicídio tentado, 79% das pessoas que recorrem a esta rede foram de facto as vítimas. Já em relação ao homicídio consumado, a maior parte dos que foram atendidos pela RAFAVH em 2017 foram filhos das vítimas (36,3%) ou pai/mãe (29,5%). Só 11% eram irmãs ou irmãos.

O móbil do crime dos agressores é variável: 32% das pessoas apoiadas indicaram violência doméstica e 10% crime patrimonial.

Nota-se ainda que há mais mulheres do que homens a recorrer a esta rede: os dados indicam que só 34,4% dos utentes apoiados por causa de homicídio tentado foram homens, percentagem quase igual (36,4%) no caso do homicídio consumado, quando as mulheres foram 65,6% versus 61,4%.

Portugueses mortos no estrangeiro

O relatório contém dados do Observatório de Imprensa de Crimes de Homicídio em Portugal e de Portugueses no Estrangeiro, criado no início de 2014 para ajudar a compreender o fenómeno em Portugal ou que tenha envolvido portugueses fora do território nacional. A pesquisa é feita nos media.

No ano passado, relataram-se na comunicação social 29 homicídios tentados e 26 consumados, menos do que em 2013 (44 e 36 respectivamente). Ainda de acordo com estes dados, cerca de um em cada cinco homicídios registados dizem respeito a uma situação de morte de uma mulher em contexto de relacionamento íntimo.

A esmagadora maioria dos autores dos crimes são do sexo masculino: 93,3% no homicídio tentado e 77,8% no consumado. No topo do tipo de relação do agressor com a vítima (no caso de homicídio tentado) ficou a ex-companheira (20%), seguida de nenhuma relação (17%). Já no homicídio consumado os resultados são dispersos e apontam para uma prevalência de "nenhuma relação" ou "não foi possível apurar" qual era ela.

O observatório compilou ainda dados de portugueses mortos no estrangeiro que foram notícia nos media, totalizando quase 40: dez foram na Venezuela, três em Espanha, dois em França e dois na Suíça, três na Africa do Sul ou dois em Moçambique.

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