Ela criou a Glow Chef porque queria comer de maneira saudável

Depois do blogue, a empresária criou um site que abre a possibilidade de ir a casa dos clientes fazer workshops sobre alimentação.

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Miguel Manso

Quando era pequena, Sílvia Taveira de Almeida era “gordinha”. “A minha relação com a comida era de amor”, conta, lembrando os biscoitos que comia no Verão e a tarte de maçã da avó materna. “As minhas memórias passam pela comida e isso foi muito importante quando decidi que não queria ser gordinha.” Foi essa sua decisão, de comer de maneira saudável, que a levou a criar, muitos anos depois, o blogue Glow Chef, em 2016. Hoje aquele espaço na Internet é um site que abre a possibilidade de a empresária ir a casa dos clientes fazer workshops diversos.

Sílvia Taveira de Almeida não estudou alimentação, nutrição ou cozinha. Nada. A sua formação académica é na área da economia e da gestão, com um MBA em Chicago. Passou por várias empresas, onde exerceu cargos de chefia, criou os seus próprios negócios — entre eles, um de joalharia, porque se imaginou a desenhar as suas próprias jóias, e o último passa pela alimentação. O Glow Chef nasceu da sua vontade de aprender e, pouco a pouco, a sua cozinha, no topo de um edifício lisboeta, foi-se enchendo de livros não só de receitas, mas também sobre diferentes tipos de dietas. “Sou muito curiosa”, confessa. “Não foi inato, mas um processo de aprendizagem gradual”, acrescenta.

Mudar a forma como comia foi “uma questão de saúde”, houve momentos em que fez dietas para emagrecer, outros em que não tinha tempo para comer e as consequências sentiu-as no corpo. “A minha tiróide começou a dar sinais. Percebi que tinha de reaprender a comer para melhorar a minha condição e meti mãos à obra”, descreve.

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Embora em casa siga a dieta mediterrânica, o tipo de workshop que Sílvia Taveira de Almeida fará em casa do cliente depende do próprio. “Se quiser fazer uma dieta vegetariana ou uma dieta paleo, explico como fazer, como criar uma refeição, depois cozinhamos com os ingredientes que levo ou que a pessoa comprou”, explica, salvaguardando que não é médica nem nutricionista. Uma experiência destas, em casa do cliente, custa cem euros.

No futuro, o site será também uma loja onde o cliente escolhe a receita e a partir daquela pode fazer uma lista de compras que pode ser enviada a casa. Mais: o cliente pode escolher a receita e não querer cozinhá-la. Nesse caso, Sílvia Taveira de Almeida terá um espaço onde essa refeição pode ser cozinhada e levada a casa. “A ideia é entregar o prato feito”, explica. Este é um projecto para o qual está a constituir uma equipa e à procura de um espaço que “tem de ter muita luz”, imagina.

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Será ainda para este ano? “É preciso fazer um piloto, afinar... O grande valor é perceber as receitas que têm ressonância, perceber na prática. Por exemplo, uma das receitas que têm mais saída no blogue são duas de batata cozida. Por isso, o blogue, a newsletter e a comunicação com as pessoas é muito importante para me pôr no lugar do cliente.”

Muita da sua inspiração vai buscá-a aos livros e tem os seus preferidos: How to Eat, de Nigella Lawson, Apetite Saudável, de Gordon Ramsay e As Delícias de Ella, de Ella Mills. Com a primeira aprendeu como é que a jornalista britânica se tornou uma cozinheira que trabalha de uma forma muito prática, “mas também deliciosa, com a Nigella nunca há compromissos de sabor!”, brinca. Sílvia Taveira de Almeida também gosta do estilo de Ramsay porque se baseia nos ingredientes do dia-a-dia, “que fazem parte do nosso património cultural gastronómico, mas que são combinados e cozinhados de forma a alimentar o corpo de maneira equilibrada e com os nutrientes necessários à actividade física profissional e lúdica”. Por fim, o livro de Ella Mills abriu as portas a uma alimentação totalmente feita à base de plantas. “Eu aprendi muito com estes livros e uso-os como referência. Falo deles muitas vezes no meu site. Eu não sou vegan mas gosto de fazer uns períodos de desintoxicação de alimentos de origem animal. Acabo por me sentir mais leve... Por isso, entre as minhas receitas favoritas há sempre uns pratos exclusivamente à base de plantas.”

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Às vezes, há quem pergunte se para fazer uma alimentação saudável não há espaço para, por exemplo, um “belíssimo presunto Pata Negra”. “Claro que sim, como em tudo na vida, tudo tem o seu lugar”. “Na vida moderna não temos tempo para tudo e já somos tão cartesianos em tantas áreas, que podemos ser hedonistas noutras. A alimentação é cultura”, conclui.

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