Sindicato pede inquérito a expulsão de candidata ao Corpo de Intervenção por suspeita de "sexismo"

Peixoto Rodrigues, presidente do Sindicato Unificado da Polícia, defende subcomissária criticando a PSP. "É uma instituição sexista", diz.

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bruno lisita

O caso da subcomissária Marisa Pires — que foi expulsa do curso do Corpo de Intervenção da PSP — tem agitado as forças policiais e colocado dúvidas na igualdade de oportunidades para os dois géneros, no seio desta força policial. 

Para Peixoto Rodrigues, presidente do Sindicato Unificado da Polícia (SUP), “deveria ser feita uma averiguação interna” para serem apuradas responsabilidades no caso da subcomissária que foi expulsa do curso do Corpo de Intervenção. Para o dirigente sindical o caso resume-se ao facto de Marisa Pires não ser do sexo masculino: “ [A PSP] é uma instituição ainda um pouco sexista. Temos mulheres tão capazes de desempenhar estas tarefas como os homens, afirmando ainda ao PÚBLICO que depois de ter falado com “várias pessoas do Corpo de Intervenção” concluiu que a subcomissária” superava muitos dos homens do curso”.  

O Corpo de Intervenção da PSP, que integra a Unidade Especial de Polícia, nunca teve uma mulher nas suas fileiras. Marisa Pires alimentava a esperança de ser a primeira, até ter sido expulsa do curso. Para o dirigente sindical, a PSP “tem de se mostrar uma instituição aberta às mulheres, com igualdade de oportunidades”. Peixoto Rodrigues lamenta a falta de informação sobre o caso. “Nem a própria [Marisa Pires] sabe porque a mandaram embora”.

Em resposta às perguntas do PÚBLICO, a PSP afirma que “não discrimina positiva ou negativamente mulheres ou homens” e que os requisitos de acesso às funções especializadas são “idênticos” para ambos os sexos, “salvaguardando quaisquer distinções que se justifiquem”.

Duas avaliações negativas

Em relação ao caso da subcomissária Marisa Pires, o comunicado refere que a mulher foi eliminada do curso “na sequência de duas avaliações negativas, consecutivas, cujos motivos lhe foram comunicados”. “As regras aplicadas a esta formanda foram as mesmas aplicadas a outros formandos que frequentaram o mesmo curso e já ditaram a eliminação de seis formandos homens, incluindo oficiais”, garante a força policial.

As provas específicas que a subcomissária falhou – e os parâmetros que estas avaliavam — não foram detalhadas pela PSP. 

O Correio da Manhã (CM) noticiou esta quarta-feira o caso de Marisa Pires, subcomissária da PSP que foi afastada do curso do Corpo de Intervenção. O CM refere que a mulher de 27 anos superou as provas físicas e teóricas do curso, com resultados superiores aos de alguns participantes do sexo masculino. Marisa Pires — que foi condecorada na terça-feira por Marcelo Rebelo de Sousa, com a medalha de Ordem e Mérito — era campeã nacional e europeia da arte marcial Muay Thai e, segundo o jornal diário, não recebeu uma justificação para a sua expulsão do curso. 

Texto editado por Pedro Sales Dias

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