Portugal lidera aliança para a descarbonização dos transportes

Secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes, quer resposta estruturada entre países, cidades e empresas, aos desafios das alterações climáticas.

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Primeira reunião da TDA decorreu nos últimos dias em Matosinhos DR

Portugal, representado pelo secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes, vai presidir à Aliança para Descarbonização dos Transportes, a TDA, na sigla inglesa. Fundador, no ano passado, com a França, Holanda, a Costa Rica e a plataforma para a Mobilidade e o Clima do Processo de Paris, deste novo fórum internacional, o nosso país vai liderá-lo num primeiro mandato cujo objectivo passa por produzir uma mapa de soluções integradas que, no sector da mobilidade, ajudem a alcançar o objectivo de redução de emissões de gases com efeito de estufa e travar o aquecimento global.

A primeira reunião da TDA decorreu nos últimos dias nas instalações do CEIIA, uma das entidades que, trabalhando no desenvolvimento de novas soluções de mobilidade, se juntou a esta aliança onde já estava, do lado empresarial, a Michelin, a hidroeléctrica ITAIPU-Binacional e a Alston. A estas juntam-se outras duas eléctricas, a Copel - Companhia Paranaense de Energia e a portuguesa EDP, a Brisa, a DHL, a transportadora ferroviária francesa SNCF, a Heineken, a PTV, do grupo Volkswagen, ou a Ernst & Young. Aos países fundadores juntaram-se o Canadá, a Finlândia e o Reino Unido, que participaram nos trabalhos mesmo sem terem formulado, ainda, a sua adesão a este grupo.

Esforço de alteração dos modelos de mobilidade

A TDA pretende envolver países, empresas e também cidades num esforço de alteração dos modelos e tecnologias de mobilidade. Roterdão, Lisboa, a Frente Atlântica do Porto (que se alarga a Matosinhos e Gaia) e as cidades brasileiras de Florianapolis e Curitiba, esta última pioneira no desenvolvimento de políticas urbanas mais sustentáveis, no Brasil, juntaram-se já a este primeiro grupo, que teve por companhia, na reunião que esta quarta-feira terminou, em Matosinhos, algumas organizações internacionais onde se joga, neste momento, o debate sobre as alterações climáticas, como a própria ONU, através do secretariado das Nações Unidas para as alterações climáticas o WWF - Fundo Mundial para a Natureza, o ITF - Forum Internacional para os Transportes, a SloCat (Partnership on Sustainable, Low Carbon Transport) e PPMC (Paris Process on Mobility and Climate).

Estas duas últimas organizações juntam-se à equipa directiva da TDA, da qual fazem parte ainda os três países fundadores, a Michelin e a Alston, e na qual faltam três cidades, que não foram indicadas agora por serem todas apenas da Europa, explicou ao PÚBLICO José Mendes. O secretário de Estado do Ambiente espera que, ao longo deste ano, entrem novos parceiros para esta aliança que pretende levar aos grandes debates internacionais sobre o sector dos transportes e sobre as alterações climáticas propostas de solução articuladas entre o sector público e o sector privado.

A TDA, cujos membros se comprometem com o objectivo da neutralidade carbónica em 2050, pretende "ter um papel relevante nos processos globais" associados às alterações climáticas e ao desenvolvimento sustentável, vincou o seu presidente, explicando que, por isso, vai participar nas conferências do clima das Nações Unidas, em Bona e Katovice, (sede, no final do ano, da 24.ª Conferência das Partes), no G7 e G20, na One Planet Summit e na Cimeira Global de Acção Climática, que decorrerá na Califórnia, EUA, em Setembro. Este grupo vai elaborar um mapa de soluções integradas, que confluam para o objectivo pretendido, e definirá também as suas próprias metas intermédias para 2020 e 2030.

As notícias dos últimos dias, dando conta de que cidades alemãs têm o poder para decidir zonas de exclusão de determinados tipos de veículos mais poluentes não passaram à margem das conversas nos corredores, e José Mendes assume-se crítico de anúncios avulsos por parte de cidades ou países, desgarrados de um plano estruturado que tenha, por exemplo, em conta a capacidade de resposta da indústria. “Todos sabemos que, neste momento, é impossível fornecer veículos eléctricos em tempo útil”, assinalou, como exemplo, explicando que é preciso olhar para a área da regulação, “sempre atrasada” em relação às mudanças que o mercado vai impondo, para o financiamento desta transição e para a sua comunicação, essencial para convencer os cidadãos da urgência de alteração de comportamentos.

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