Deputado pede ajuda a Marcelo para travar mina de urânio em Espanha

A instalação da mina de urânio na região de Salamanca já deu origem a perguntas e protestos não só dos ambientalistas e de autarcas, mas também dos partidos na Assembleia da República.

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Protestos contra a construção de um complexo mineiro em Retortillo Joana Goncalves

O deputado socialista Santinho Pacheco anunciou esta terça-feira que pediu solidariedade ao Presidente da República para com os autarcas de Almeida e Figueira de Castelo Rodrigo, na Guarda, que tentam travar a exploração de urânio de Retortillo, Espanha.

Segundo uma nota enviada à agência Lusa, o deputado eleito pelo círculo eleitoral da Guarda também convidou Marcelo Rebelo de Sousa a visitar aqueles dois municípios localizados junto da fronteira, como já fizeram vários deputados. Na carta enviada a Belém, Santinho Pacheco refere que "a vizinhança tem de ser consequente".

Em sua opinião, a instalação de uma mina de urânio perto da fronteira constitui "um problema grave e preocupante do ponto de vista ambiental e económico numa das zonas mais despovoadas e envelhecidas do país".

"As terras de fronteira do distrito da Guarda já perderam tudo e a esperança de quem resiste tem muito a ver com a natureza, com a qualidade de vida", defende.

O socialista Santinho Pacheco solicitou a ajuda do Presidente da República, pedindo para visitar "os territórios de Riba-Côa num gesto de solidariedade para com os raianos", sendo também "um sinal que chega a Espanha".

Segundo o deputado, decorrem, desde 2013, "estudos e trabalhos preparatórios do terreno sob a autorização e deferimento do impacto ambiental da Junta de Castela e Leão, sem qualquer contacto ou informação válida às autoridades portuguesas, locais ou nacionais".

O socialista adianta na nota que "existe uma empresa australiana nessa zona remota e despovoada do território espanhol que quer extrair urânio a céu aberto em milhares de hectares hoje ocupados por carvalhos e azinheiras centenárias, com lavagem de terras e o perigo da condução das águas utilizadas para a bacia hidrográfica do [rio] Douro, através do rio Yeltes".

"As consequências desta prática serão mais graves para os territórios raianos portugueses que para a província de Salamanca", alerta o deputado, explicando que "os ventos dominantes são de leste, as águas correm para ocidente e o [rio] Douro é um activo português de que depende o abastecimento público de centenas de milhares de pessoas".

A instalação da mina de urânio naquela região de Salamanca já deu origem a perguntas e protestos não só dos ambientalistas e de autarcas, mas também dos partidos na Assembleia da República, com o Governo a garantir já ter questionado Espanha e pedido um encontro com a ministra do Ambiente espanhola.

As eurodeputadas Marisa Matias e Ana Gomes e um deputado espanhol do Podemos também dirigiram uma pergunta escrita à Comissão Europeia sobre a mina de urânio de Retortillo, questionando Bruxelas sobre a realização de estudos de impacto ambiental.

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