Cidadãos queixam-se de insegurança e de maus tratos a patos nas zonas verdes da cidade

O movimento Braga para Todos considera que a população tem receio de frequentar o Parque da Ponte e o Monte do Picoto, principalmente à noite, devido à falta de segurança e de iluminação e à presença de toxicodependentes nesses espaços, lamentando ainda as agressões aos patos do lago do parque. Autarquia considera que situação tem melhorado, apesar dos problemas.

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O Monte do Picoto é muito frequentado por toxicodependentes e o chão está pejado de seringas e kits de injecção
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O Parque da Ponte, com árvores, autóctones e não só, um lago artificial e um circuito de manutenção, e o Picoto, monte cónico em fase de reflorestação, com passadiços de madeira e um miradouro com vista para a malha urbana de Braga, formam uma mancha verde na zona sul da cidade, apenas separada pela Estrada Nacional 101. Mas, para o movimento de cidadãos Braga para Todos, estes espaços têm sido deixados ao abandono o que afasta a população devido ao sentimento de insegurança.

“Qualquer bracarense sabe perfeitamente que não é uma boa ideia ir para o Picoto, até mesmo de dia, sozinho. As pessoas ou não vão para lá ou só vão em grupo, e durante o dia”, afirma ao PÚBLICO a porta-voz do movimento, Elda Fernandes. Apesar de reconhecer a capacidade para o espaço ser um “ponto de turismo”, a cidadã considera que a zona acaba por afastar gente, tanto pelo facto do espaço ser “algo isolado”, como pela falta de policiamento e pela presença de toxicodependentes, apesar de lhes reconhecer o direito a frequentarem o espaço. “Como tem a proximidade da Cruz Vermelha, o chão, nomeadamente nos parques de estacionamento, está repleto de seringas e de kits”, diz.

O parque canino, inaugurado em Março de 2017, é outra valência do monte que, segundo a responsável, é pouco frequentada, devido ao sentimento de insegurança que paira sobre os utilizadores. “Nem é sempre possível, para quem tem animais, ir em grupo passeá-los. Quando têm de ir sozinhas, as pessoas não se sentem à vontade”, explica.

Com a protecção animal a assumir-se como uma das principais bandeiras do movimento Braga para Todos, criado em julho de 2017, Elda Fernandes lamentou ainda a “falta de civismo” de quatro ou cinco adultos que têm atirado pedras aos patos que habitam o lago do Parque da Ponte, espaço, a seu ver, frequentado apenas durante o dia e ainda marcado pela falta de policiamento e de segurança, tal como no Picoto.

Criado no início do século XX, em torno da Capela de S. João, edificada em 1616, o parque urbano foi requalificado no início da década para surgir como nova cara em Março de 2012, mas a cidadã reitera que a falta de cuidado para com o espaço é visível no mau estado do lago, nas folhas que se espalham pelo chão e na ausência de espaços com relva. “É um espaço com potencial, bonito, onde houve um grande investimento, mas que não está a ser bem gerido e acaba por ser um desperdício do dinheiro que foi lá investido”, observa.

A cidadã critica ainda o abandono de alguns dos espaços do parque cedidos a associações e da videoteca, instalada no edifício da antiga estufa municipal, e também a falta de um trabalho mais permanente da autarquia na gestão daquela zona verde. “Se herdaram aquele espaço, deviam promovê-lo melhor. Nestes últimos quatro anos, não há qualquer tipo de trabalho naquele parque. Em política, a gestão de uma cidade não pode depender de actos únicos”, salientou.

“Segurança tem melhorado”

O presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, admite que o monte do Picoto e o Parque da Ponte padecem de alguns problemas de segurança, semelhantes aos de outros locais da cidade, e poderiam ser “mais visitados e desfrutados pela população”, mas realçou que, nessas duas zonas verdes, há hoje “muitos menos problemas do que no passado” devido ao trabalho da autarquia.

“Não só dotámos esses espaços de segurança contratada pelo município, como temos actuado numa colaboração mais estreita com as forças de segurança pública”, afirma ao PÚBLICO, destacando ainda o investimento realizado pelo seu executivo em iluminação.

Para Rio, a melhor forma de interromper as práticas que induzem receio em parte da população é tornar os espaços “mais visitados e frequentados”, com o recurso a valências que lhes confiram um maior dinamismo. Um dos exemplos referidos pelo autarca é o Parque Aventura, previsto para o monte do Picoto. A câmara iniciou, em Janeiro último, o terceiro concurso público para a construção do equipamento numa área de 14.366 metros quadrados, depois da empresa vencedora do anterior, a DiverLanhoso, não ter dado seguimento ao projecto. 

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