Tribunal insiste em ouvir presencialmente banqueiro Carlos Silva

O tribunal reservou os dias 6, 7 e 8 de Março para ouvir o presidente do Banco Privado Atlântico, mas até ao momento não obteve resposta. Carlos Silva, que é testemunha neste processo, pediu para prestar declarações a partir de Angola.

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Carlos Silva (à esquerda) a entrar para uma assembleia de sócios do BCP Tiago Petinga

Os juízes do processo Operação Fizz consideram imprescindível ouvir presencialmente o presidente do Banco Privado Atlântico (BPA), Carlos Silva, e recusam que seja inquirido no consulado de Portugal em Angola.

No início da 20ª sessão de julgamento, o presidente do colectivo, Alfredo Costa, disse que teve conhecimento verbal de que o banqueiro luso-angolano se mostrou disponível para ser inquirido no consulado português em Angola, mas lembrou que essa audição não seria presencial e continuou a defender que é imprescindível a sua presença no Campus de Justiça, em Lisboa.

O tribunal reservou os dias 6, 7 e 8 de Março para ouvir Carlos Silva, mas até ao momento não obteve resposta.

Sobre a hipótese avançada por Carlos Silva de ser questionado por videoconferência em sua casa em Luanda, o tribunal já tinha recusado.

O presidente do BPA e administrador não executivo do Millennium BCP foi indicado por arguidos no processo Operação Fizz como tendo sido o responsável pela contratação do ex-procurador do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) Orlando Figueira para trabalhar na banca privada.

À semelhança do tribunal, Carla Marinho, advogada de Orlando Figueira, já defendeu publicamente que Carlos Silva devia ser interrogado presencialmente na sala de audiências.

Entretanto, na sessão desta terça-feira a testemunha arrolada foi Angélica Conchinha uma jurista da Ifogeste e da sociedade Primagest, uma alegada subsidiária da Sonangol, da qual foi representante fiscal em Portugal.

A Ifogest era uma empresa, disse, que prestava serviços ao BPA e apesar de conhecer Carlos Silva não se apercebeu da ligação do banqueiro com Manuel Vicente.

Segundo a acusação, Angélica Conchinha, via Primagest, que terá efectuado transferências consideradas suspeitas para Orlando Figueira.

O processo Operação Fizz, relacionado com corrupção e branqueamento de capitais, envolve o antigo presidente da Sonangol e ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente que, num processo entretanto separado, é acusado de ter pago ao ex-procurador Orlando Figueira 760 mil euros para que este arquivasse inquéritos do DCIAP em que era visado, designadamente na aquisição de um imóvel de luxo no edifício Estoril-Sol.

Além de Orlando Figueira, estão em julgamento o advogado Paulo Blanco (mandatário do Estado angolano em diversos processos judicias) e Armindo Pires, amigo de longa data e homem de confiança de Manuel Vicente em Portugal.

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