António Fontes garante o primeiro pódio para Portugal

A Scallywag, equipa do velejador português, foi segunda classificada na 6.ª etapa da Volvo Ocean Race, a menos de três minutos da vencedora AzkoNobel.

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Jeremie Lecaudey/Volvo Ocean Race

Em seis regatas, em que houve cinco possíveis vencedores — na quinta todos somaram um ponto —, quatro equipas já subiram ao lugar mais alto do pódio na Volvo Ocean Race (VOR) 2017-18. Cerca de quatro meses depois de as sete tripulações partirem de Alicante para iniciarem o percurso mais longo de sempre da prova de circum-navegação em vela, a frota chegou nesta terça-feira a Auckland e, após 11.749km percorridos entre Hong Kong e a Nova Zelândia, o VO65 da AzkoNobel cortou a meta em primeiro lugar, com escassos 2m14s de vantagem sobre o Scallywag, de António Fontes, o primeiro português a terminar uma etapa da VOR no pódio.

A 30 milhas náuticas (cerca de 55km) de Auckland, mais de 20 dias depois do início da regata, o Scallywag liderava e o Turn The Tide on Plastic (TTOP), barco com bandeira portuguesa e patrocínio da Fundação Mirpuri, com Bernardo Freitas a bordo, ocupava a terceira posição. No entanto, com a meta à vista, o AzkoNobel de Simeon Tienpont e da campeã olímpica brasileira Martine Grael, que repetiu o feito do seu pai, Torben Grael, de vencer uma etapa da VOR, ganhou vantagem e, depois da Vestas, da MAPFRE e da Scallywag, a equipa holandesa tornou-se na quarta a ganhar uma etapa na 13.ª edição da VOR. A recta final, para além de impedir a vitória de António Fontes, tornou inglório o esforço da jovem tripulação da TTOP: após passarem quase toda a etapa em “match racing”, apenas preocupados com as manobras um do outro, os favoritos MAPFRE e Dongfeng aceleraram e ultrapassaram o barco de bandeira portuguesa, terminando em terceiro e quarto lugar, respectivamente.

Com uma baixa de peso à partida de Hong Kong — a Vestas, uma das favoritas, não participou na etapa por não ter recuperado o barco após o acidente sofrido no final da perna anterior —, o grande interesse da 6.ª ligação centrava-se na luta entre a MAPFRE e a Dongfeng. Porém, a “luta privada” entre espanhóis e franco-chineses retirou espectacularidade à etapa. Com uma vantagem confortável sobre a concorrência na classificação geral, as tripulações lideradas pelo basco Xabier Fernández e pelo bretão Charles Caudrelier relegaram o triunfo na chegada à Nova Zelândia para segundo plano, preocupando-se essencialmente em medir com precisão os movimentos mútuos. Resultado? Durante mais de metade do percurso, MAPFRE e Dongfeng ocuparam os últimos lugares.

Beneficiando de uma opção arriscada do Team Brunel (que teve como desfecho um desanimador último lugar para Peter Burling, um dos grande nomes da vela actual na Nova Zelândia) e da enorme qualidade e experiência da tripulação, a MAPFRE, no sprint final, garantiu o terceiro lugar, vencendo o braço-de-ferro com a Dongfeng, que ficou pela primeira vez fora do pódio.

Para os portugueses, apesar de as últimas milhas terem impedido um desfecho extraordinário, a ligação entre Hong Kong e Auckland termina com o histórico pódio de António Fontes, o primeiro alcançado por um velejador português, e pelo excelente percurso e evolução da TTOP.

A próxima etapa, a mais temida por todas as tripulações, terá início a 18 de Março e fará a ligação entre Auckland e Itajaí, no Brasil, passando pelo Cabo Horn, o ponto mais meridional da América do Sul, conhecido como o “fim do Mundo”.

 

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