Palcos da semana

Preconceitos dinamitados, palcos domados, trip-hop renovado, um espectáculo absurdo e uma rainha africana.

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Música
Cantar para quebrar

Paulista, ex-testemunha de Jeová, actual "artista multimídia e bixa travesty". Assim se apresenta Linn da Quebrada. Desde que se lançou musicalmente com o tema Enviadescer, em 2016, tem usado voz e corpo para dinamitar preconceitos de género e empoderar a comunidade LGBT. No ano passado, pôs o sentido transformador e transgressor no "afro-funk-vogue" do álbum Pajubá. Apresenta-o em Portugal dias depois de ter estreado o documentário Bixa Travesty, realizado por Kiko Goifman e Claudia Priscilla, na secção Panorama do Festival Internacional de Cinema de Berlim.

LISBOA Galeria Zé dos Bois
Dia 2 de Março, às 22h.
Bilhetes a 8€

 

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Julian Mommert

Dança
Domar o chão

O coreógrafo grego Dimitris Papaioannou, que também trabalha em teatro e artes visuais, regressa com um espectáculo que torna a cruzar as linguagens destes campos. N'O Grande Domador, o chão move-se, há homens-estátua, sapatos ganham raízes, valem acrobacias, despem-se corpos, pairam astronautas. Tudo com o objectivo de explorar "a noção de que a vida humana pode ser encarada como viagem de descoberta, a exploração de um tesouro escondido, uma arqueologia interior em busca de um sentido". O espectáculo chega a Lisboa integrado no ciclo De Zeus a Varoufakis, depois de ter passado por vários festivais europeus, incluindo o de Avignon.

LISBOA Centro Cultural de Belém
Dias 2 e 3 de Março, às 21h.
Bilhetes de 25€ a 30€

 

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Hugo Glendinning

Teatro
A magia absurda de Etchells

"Terrivelmente divertido, loucamente beckettiano". As palavras do Le Monde referem-se a Real Magic, espectáculo do britânico Tim Etchells para a sua Forced Entertainment. Três performers tentam criar um espectáculo de magia recorrendo (infrutiferamente) a todas as estratégias possíveis e imaginárias, "entre aplausos em loop e gargalhadas em lata", como diz a companhia. Resultado: uma história de esperança e frustração pontuada pela comédia e pelo absurdo.

LISBOA Maria Matos Teatro Municipal
Dias 2 e 3 de Março, às 21h30.
Bilhetes de 7€ a 14€

 

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Paulo Pimenta

Música
O Ununiform de Tricky

Figura-chave do som de Bristol nos anos 1990, Adrian "Tricky" Thaws entrou no seminal Blue Lines dos Massive Attack e deu ao mundo esse álbum enorme que foi Maxinquaye. Não voltou a alcançar tamanha projecção, mas continuou a editar regularmente. O trip-hop ficou-lhe na bagagem, mas as direcções mantiveram-no pertinente. O álbum mais recente chama-se Ununiform (2017). Concebido em Moscovo e gravado em Berlim, contou com participações de Martina Topley-Bird, Francesca Belmonte, Asia Argento e Scriptonite.

PORTO Hard Club
Dia 28 de Fevereiro, às 22h.
Bilhetes a 25€

 

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Teatro
A versão de Njinga

Depois de Os Negros, o Teatro Griot leva à cena Que Ainda Alguém nos Invente, "um ritual que vacila entre o orgulho e o remorso". Com texto de Ricardo P. Silva e a encenação de Paula Diogo, evoca a figura de de Njinga, mulher, filha, irmã, amante e rainha na África do século XVII. Durante décadas, lutou contra a ocupação colonial portuguesa em defesa do povo mbundu, numa tentativa de o poupar ao cruel destino da escravatura. Nesta peça, diz a folha de sala, "Njinga terá tempo de contar a sua versão, escusando-se ao logro de um passado forjado, divinizado e imaculado no seu desígnio".

PORTO Teatro Municipal Campo Alegre
Dias 2 e 3 de Março, às 21h e 19h, respectivamente. Conversa pós-espectáculo no dia 2 de Março, com a historiadora e poetisa Ana Paula Tavares.
Bilhetes a 7,50€

 

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