Milhares protestaram em Salamanca contra mina de urânio junto à fronteira

Manifestação contou com presença de ambientalistas portugueses

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Cerca de três milhares de pessoas, incluindo alguns portugueses, protestaram este sábado em Salamanca contra a instalação de uma mina de urânio em Retortillo. Se o projecto for por diante haverá uma exploração a céu aberto a oito quilómetros da fronteira, fazem notar os ambientalistas nacionais.

Tanto a Quercus como o deputado bloquista Pedro Soares e uma comitiva do partido Os Verdes estiveram no protesto convocado pelo movimento No a la Mina de Uranio. Consideram particularmente preocupante o facto de as autoridades espanholas terem emitido já em 2013 uma declaração de impacto ambiental que, apesar de impor condicionantes ao projecto, se mostra favorável ao mesmo.

“Na sequência de uma queixa que apresentámos, a Comissão Europeia abriu uma investigação a este processo”, refere Miguel Martins, dos Verdes. O partido vai apresentar no Parlamento  a 16 de Março uma recomendação para que o Governo português trave o projecto.

Os ambientalistas fazem notar que, apesar de as autoridades espanholas garantirem que ainda não decidiram aprovar a exploração mineira, o abate de árvores e a movimentação de terrenos em Retortillo indicia o contrário. Será aqui, numa zona considerada sensível pelos defensores do ambiente, que o urânio extraído no município de La Alameda de Gardón será processado.

“É preciso que o Governo português actue com muita celeridade, no sentido de exigir junto de Espanha que este processo retorne ao início, que a declaração de impacto ambiental seja declarada nula, seja feita uma nova avaliação de impacto ambiental transfronteiriça”, defende Nuno Sequeira, da Quercus, citado pela agência Lusa.

O ministro do Ambiente anunciou que irá abordar a questão num encontro com a sua homóloga espanhola em Março, durante o Fórum Mundial da Água, em Brasília: “Vai haver oportunidade de termos uma reunião sobre o cumprimento insuficiente por parte de Espanha do acordo que existe entre os dois países em matéria de avaliação de impacto ambiental”,

A empresa que quer explorar o urânio, a Berkeley, emitiu entretanto um comunicado a dizer que os protestos se baseiam em desinformação e acrescentando que tenciona criar 2500 postos de trabalho directos e indirectos com este projecto.

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