Range Rover Velar: suíte sobre rodas com vista para a montanha

Um SUV desportivo apto a enfrentar as mais duras provas fora de estrada que acumula funções de luxuosa e confortável limusina e de um espaçoso familiar adequado para viagens longas.

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Rui Gaudêncio
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O Range Rover Velar é um veículo caro? Não — nós é que podemos estar a ganhar pouco. Caros são os bens ou serviços que não valem o dinheiro despendido. Este luxuoso SUV merece os 70 mil euros que custa na versão mais acessível (a viatura que conduzimos era topo de gama, com um preço final de 143 mil euros). O Velar, com elegantes linhas, robustas e desportivas, é, possivelmente, o mais bonito modelo da gama Range Rover. Ao visual exterior corresponde um requintado interior e um equipamento muito completo.

Além do preço, entre os pontos negativos contam-se ainda o facto de ser classe 2 nas portagens (mas quem o compra não está preocupado com essas minudências) e de, em curvas mais apertadas, se sentir no volante o peso das quase duas toneladas deste SUV (que não a estabilidade, porque trazia diferencial autoblocante). Já do lado positivo, as qualidades são muitas — não há carros perfeitos, mas alguns, como este, ficam perto. Só uma ressalva: testamos veículos novos e não sabemos como se comportarão após muitos quilómetros percorridos…

Esta é uma viatura que combina as qualidades de um SUV desportivo que atinge os 241 km/h e apto a superar desafios de elevada dificuldade fora de estrada, com as de uma luxuosa e confortável limusina, extremamente bem equipada e capaz de transportar em longas viagens cinco pessoas e de 673 a 1731 litros na ampla bagageira.

Depois, é um verdadeiro todo-o-terreno, que, para além de tracção integral com controlo electrónico de tracção e uma excelente caixa automática de oito relações, dispõe dos sistemas de ajuda à condução Terrain Response 2 (selector dos ajustes da transmissão, tracção e motor para adequar o veículo ao tipo de terreno onde circula). Para completar o ramalhete, em algumas versões ou em opção, pode ser equipado ainda com All Terrain Progress Control (entre 1,8 km/h e 30 km/h mantém uma velocidade constante, mesmo nos aclives e declives mais íngremes e terrenos mais difíceis, pelo que o condutor só tem de se preocupar em dirigir o veículo e evitar obstáculos), diferencial traseiro com bloqueio activo, suspensão pneumática electrónica (entre outras coisas, aumenta ou reduz a altura ao solo da viatura) e Sistema de Passagem a Vau. 

O Velar que nos disponibilizaram, sendo topo de gama, incluía todos estes dispositivos, pelo que nos aventurámos por trilhos (com o devido cuidado para não riscarmos a pintura) e sentimos que este SUV podia dar muito mais do que o que lhe exigimos. Aliás, é um crime não aproveitar as capacidades de uma viatura como esta — veja-se a Ficha Técnica. Mas não é arriscado meter por caminhos de cabras um veículo com este preço? Não, se se tomarem as devidas precauções: há passeios organizados, nomeadamente pela Land Rover, em que os proprietários de Range Rovers podem ficar a conhecer as potencialidades das suas viaturas sem as estragar.

A Herdade das Servas

O passeio levou-nos até à Herdade das Servas, em Estremoz, onde tivemos uma prova de vinhos. Esta moderna adega, situada num terreno de vinhas novas com 70 hectares, é relativamente recente, mas a família Serrano Mira, sua proprietária, já produz vinhos desde 1667 e detém 350 hectares de vinhas. O vinho de entrada de gama, Monte das Servas, é acessível e agradável, os topos de gama são o Herdade das Servas Vinhas Velhas e o Herdade das Servas Reserva tinto. No meio, uma oferta variada, que inclui vinhos monocasta, entre os quais um branco Alvarinho e um Colheita Tardia. São oferecidas várias actividades, custando a visita guiada com prova de dois vinhos 7,50€.

Restaurante Venda Azul

O restaurante da Herdade das Servas estava fechado, pelo que fomos almoçar a Estremoz, ao Venda Azul. Estremoz tem uma boa oferta gastronómica e este Venda Azul parece não se distinguir entre milhares de locais de comes-e-bebes. Porém, não é por acaso que está sempre cheio e não aceita reservas ao almoço — só marcações, algo indispensável para não acontecer o mesmo que a três grupos, que foram mandados embora enquanto esperávamos mesa. Rapidamente se descobre porquê face à qualidade dos pratos de gastronomia alentejana que propõe. Comemos gansinhos (15,50€) e cachaço de porco preto (16€) de confecção excelente e em doses abundantes para duas pessoas. Rematámos com sericaia e bolo de mel e noz. Os digestivos foram oferta da casa. Outra das especialidades é o bacalhau, mas, no geral, todos os pratos, como as costeletas de borrego, entrecosto ou as migas, parecem ser extremamente apetitosos e bem servidos. Vamos decerto revisitar o Venda Azul, até porque em Abril, Maio, têm pratos com espargos bravos. O ambiente não é calmo, sendo algo ruidoso, mas torna-se muito acolhedor pela simpatia e competência dos seus funcionários.

Conforto e segurança

De volta à estrada, foi ocasião de desfrutarmos um veículo que tem tudo o que se possa pensar para fazer uma confortável viagem longa, desde bancos com ajuste eléctrico, climatizados e com massagem, tecto panorâmico, sistema de som premium, bancos e estofos em pele, ambiente requintado, etc., etc.

No que toca à condução, o Range Rover Velar é um veículo estável e fácil de dirigir. Para isso também contribui a instrumentação, com informação abundante, de acesso intuitivo e poucos botões. Na consola central há dois ecrãs tácteis de 10’’. Através do superior controla-se os sistemas áudio, de navegação, câmaras, sensores de estacionamento e a conexão do telemóvel. O ecrã inferior está destinado ao climatizador, bancos e às funções todo-o-terreno. Há ainda outro ecrã entre o velocímetro e o conta-rotações e, no veículo que conduzimos, head-up display (projecção de informações no pára-brisas). Quanto a consumos, obtivemos em 700 quilómetros (incluindo um curto trajecto fora de estrada) uma média de 8,3 l/100km.

Não é só em conforto e vida a bordo que o Range Rover Velar se distingue: em testes efectuados em 2017 pelo Euro NCAP, o organismo independente que avalia a segurança dos novos veículos vendidos na Europa, obteve o máximo de cinco estrelas, com 93% na protecção de ocupantes adultos, 85% na das crianças, 74% na dos peões e 72% nos dispositivos auxiliares de segurança.

Este SUV pode ter três motores a gasóleo (2.0 com 180cv e 240cv e 3.0 com 300cv) ou três a gasolina (2.0 com 250cv e 300cv e 3.0 com 380cv). No que toca a equipamentos, propõe duas linhas, Normal e R-Dynamic (mais desportiva) e, dentro delas, quatro níveis de distintos: Standard, S, SE e HSE. Há ainda um nível First Edition, ainda mais bem equipado e só disponível no primeiro ano de lançamento para as motorizações de 300cv diesel e 380cv a gasolina.

Os preços variam entre os 68.330 euros do 250cv a gasolina Standard (no caso dos diesel, os preços arrancam nos 71.204€ do 180cv Standard) até aos “a partir de” 136.391€ do 300cv diesel First Edition.

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