Presidente da IPSS "O Sonho" constituído arguido

Judiciária de Setúbal fez buscas em três instituições, que ainda prosseguiam às 20h na instituição O Sonho, cujo presidente será ainda hoje ouvido na Polícia Judiciária de Setúbal.

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fau fabio augusto

A Polícia Judiciária de Setúbal realizou nesta sexta-feira buscas em três Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e casas particulares. Uma das entidades alvo de buscas é a IPSS O Sonho, adiantou a SIC Notícias e confirmou ao PÚBLICO fonte da Polícia Judiciária.

Em causa estão crimes como o de fraude na obtenção de subsídios, participação económica em negócio e peculato. A operação começou na manhã desta sexta-feira. Ao que o PÚBLICO apurou não estavam previstas detenções nos mandados judiciais que deram origem a esta operação.

Também o Instituto da Segurança Social confirmou em comunicado que elementos seus integram "a equipa conjunta com a Polícia Judiciária que hoje realizaram buscas à instituição particular de solidariedade social O Sonho”.

"Encontrando-se o caso em segrego de justiça, o instituto não poderá pronunciar-se sobre o processo", sublinhou.

Entretanto, o presidente da IPSS negou que tenha cometido qualquer irregularidade na gestão da associação, manifestando vontade em se demitir do cargo que ocupa há mais de três décadas. 

Em declarações à agência Lusa, Florival Cardoso afirmou "estar de consciência tranquila", mas "desiludido com a perseguição" que diz estar a ser feita às IPSS. O presidente esperava vir a ser constituído arguido no decurso do inquérito e assim poder conhecer o processo e "defender-se" das "acusações infundadas", o que se veio a verificar como confirmou à Lusa Vítor Paiva, director da PJ de Setúbal.

Florival Cardoso declarou estar a colaborar com as autoridades no apuramento da verdade, acrescentando que vai reunir, assim que possível, com os restantes elementos da direção da IPSS, mas que a sua vontade, neste momento, é a de pedir a demissão do cargo.

"Sinto-me desiludido com tudo isto. Dei muito mais do que aquilo que recebi ao longo dos anos a esta instituição para agora haver isto", lamentou o presidente. Florival Cardoso disse desconhecer a queixa que deu origem ao inquérito, mas que espera que a mesma não seja anónima para que possa pedir responsabilidades ao autor ou autores, na defesa da sua honra e bom nome.

Instituição foi criada em 1980

A IPSS em causa, uma “associação de direito privado sem fins lucrativos, constituída em 1980”, surgiu “na sequência da identificação de vários problemas sociais e situações de risco existentes no concelho de Setúbal, aliados à sensibilidade crescente para a necessidade de os resolver, com o objectivo de promover o desenvolvimento do concelho, em especial no que se refere à integração dos grupos sociais mais desfavorecidos”, diz a própria instituição no seu site.

Entre os seus serviços tem actualmente uma creche, berçário, um jardim- de-infância e um centro infantil, além de um Centro de Actividades de Tempos Livres.

No seu site a instituição tem disponível uma demonstração de resultados relativa a 2015 onde se refere um montante recebido em "subsídios, doações e legados à exploração" de cerca de um milhão de euros (1.045.522).

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