Fundação financia equipas de apoio social e espiritual a doentes em fim de vida

Concurso para a constituição de equipas de apoio psicossocial está aberto até ao próximo dia 13. Financiamento ascenderá até 112 mil euros por equipa.

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pp paulo pimenta

Numa altura em que a cobertura de cuidados paliativos ainda está bem longe de ser suficiente em Portugal, a fundação bancária "la Caixa" lançou um concurso para apoiar financeiramente a constituição de equipas de “apoio psicossocial” a pessoas com doença avançada ou que estão na fase final das suas vidas. Constituídas por psicólogo, assistente social e assistente espiritual, estas equipas vão reforçar e apoiar as equipas de cuidados paliativos domiciliários e hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O primeiro passo foi dado esta quarta-feira com a assinatura do acordo neste sentido entre a fundação (que é dona do CaixaBank e do BPI) e o Ministério da Saúde e o anúncio da abertura de um concurso para a criação destas equipas - que vão funcionar num modelo de intervenção inspirado numa experiência espanhola já com nove anos. O financiamento ascenderá até 112 mil euros por equipa.

Até 13 de Abril, as entidades públicas e privadas sem fins lucrativos interessadas em constituir uma equipa deste tipo podem apresentar candidaturas neste endereço.

A iniciativa integra-se no Programa de Atenção Integral a Pessoas com doenças avançadas designado Humaniza, no âmbito do qual se prevê que sejam criadas entre sete a 14 equipas deste tipo nas sete regiões do país (Norte, Centro, área metropolitana de Lisboa, Alentejo, Algarve e regiões autónomas da Madeira e Açores), explica a fundação, em comunicado.

As equipas serão constituídas por "profissionais com formação e experiência para prestar apoio psicossocial e espiritual em situações de doença avançada”, com o objectivo de “melhorar os aspectos emocionais (ansiedade, tristeza, falta de sentido de vida)” dos doentes e seus familiares, especifica.  Está prevista a integração de voluntários.

As novas equipas vão apoiar aquelas que já estão no terreno, tanto as que estão sediadas nos agrupamentos de centros de saúde como as que funcionam nos hospitais. Serão equipas colaboradoras porque vão reforçar as equipas de cuidados paliativos da rede pública (estas últimas têm médico, enfermeiro e, assistente social e psicólogo), explica Edna Gonçalves, presidente da Comissão Nacional de Cuidados Paliativos. Um apoio que é muito bem vindo numa altura em que o financiamento público é limitado.

Em  Portugal, actualmente há apenas 23 equipas domiciliárias e Edna Gonçalves admite que “vai ser quase impossível” atingir a meta que tinha sido traçada para 2018 – um total de 52 equipas, uma por cada agrupamento de centros de saúde (ACES). Já ao nível hospitalar, apenas duas unidades não dispõem ainda de cuidados paliativos — Covilhã e Figueira da Foz — mas as equipas que existem nos hospitais estão subdimensionadas. “Não conseguimos chegar a todos os doentes”, lamenta a médica.

O acordo entre a fundação  ”la Caixa” e o Ministério da Saúde inclui ainda o incentivo a acções de formação em cuidados paliativos para profissionais de saúde e cuidadores informais, além do apoio a projectos de investigação.

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