Centeno lembra ao PCP a necessidade de “regras” e responde com optimismo ao PSD

O presidente do Eurogrupo respondeu aos eurodeputados Miguel Viegas e José Manuel Fernandes, salientando o bom desempenho da economia portuguesa.

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"Numa União Económica e Monetária precisamos destas regras para regular o comportamento e coordenar aquilo que é a evolução económica e financeira de todos os países", respondeu Centeno ao eurodeputado comunista LUSA/STEPHANIE LECOCQ

O presidente do Eurogrupo disse esta quarta-feira que uma União Económica e Monetária (UEM) precisa de regras, em resposta ao eurodeputado Miguel Viegas, do PCP, que se afirmou "um bocadinho desapontado" a intervenção de Centeno no Parlamento Europeu. Ao PSD, Centeno lembrou que, pela primeira vez, o crescimento português convergiu com o da zona euro, respondendo ao eurodeputado José Manuel Fernandes, sobre a possibilidade de Portugal ficar abaixo da média europeia este ano.

No primeiro "diálogo económico" de Centeno com a comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu desde que assumiu a presidência do fórum de ministros das Finanças da zona euro, Miguel Viegas confrontou o presidente do Eurogrupo com a sua intervenção da véspera, igualmente na assembleia, num debate sobre o "semestre europeu".

"Eu ontem [terça-feira] ouvi a sua intervenção e fiquei um bocadinho desapontado", declarou o deputado da delegação comunista, explicando que esperava outro discurso depois da "experiência nos anos da troika, em que ficou claramente demonstrado os efeitos perversos das regras do pacto de estabilidade, da estreiteza, dos limites que impedem qualquer política séria de estabilização macroeconómica e da própria experiência recente deste Governo e das medidas corajosas que foram tomadas, muitas delas à revelia das instituições da UE".

Em resposta, Mário Centeno afirmou que há "uma análise que é feita de forma quase permanente daquilo que é a implementação das regras" que guiam o "trabalho comum no contexto da UEM".

"Numa UEM precisamos destas regras para regular o comportamento e coordenar aquilo que é a evolução económica e financeira de todos os países. Devemos entender que há níveis de flexibilidade na implementação dessas regras e podemos ou não concordar se essa flexibilidade tem sido utilizada da forma mais eficaz", afirmou, depois de na sua intervenção inicial já ter dito esperar "que a Comissão continue a implementar com sensatez" as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento, que classificou como "a bússola da política orçamental". Centeno acrescentou que "o exemplo português mostra como é possível encontrar alternativas a um conjunto de políticas para dar resposta a problemas concretos em momentos determinados", dentro do quadro de uma política comum.

No mesmo “diálogo económico” com a comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, o eurodeputado social-democrata José Manuel Fernandes confrontou o ministro das Finanças com as previsões da Comissão Europeia, que estimam que Portugal vá crescer menos do que a média europeia este ano.

"O que é que o presidente do Eurogrupo recomenda ao Governo e ao ministro das Finanças de Portugal para inverter a situação?", inquiriu José Manuel Fernandes, que é o coordenador do Partido Popular Europeu (PPE) na Comissão de Orçamentos do PE.

"Eu, enquanto presidente do Eurogrupo, recomendaria a todos os países da área do euro manterem o excelente trabalho que tem sido feito em cada um desses países no sentido de promover a estabilidade das contas públicas, a estabilidade do sistema financeiro e a melhoria da competitividade da área do euro", começou por responder Centeno. O ministro das Finanças prosseguiu recordando que, neste momento, decorre "o mais prolongado período de crescimento da área do euro, de que todos os países estão a beneficiar, incluindo Portugal, que pela primeira vez neste processo converge com a área do euro em 2017".

Centeno, que defendeu que "as previsões são o que são", enfatizou que, quer enquanto ministro das Finanças, quer enquanto presidente do Eurogrupo, ficaria "muito contente se todos os países crescessem de forma tão robusta como parece que vai acontecer, incluindo Portugal". Insatisfeito com a resposta do presidente do Eurogrupo, José Manuel Fernandes repetiu a questão, mas viu o moderador dar a palavra a outro eurodeputado.

Na sua condição de presidente do Eurogrupo, Mário Centeno encontra-se em Bruxelas desde segunda-feira, tendo presidido nesse dia aos trabalhos do fórum de ministros das Finanças da zona euro, participando no dia seguinte num debate sobre o "semestre europeu" no Parlamento Europeu, onde regressou hoje para o "diálogo económico" com os deputados da comissão de assuntos económicos.

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