Marcelo aceita desafio do PSD para “acompanhar” esforços de consensos

Horas depois de receber a nova direcção do PSD, o Presidente da República revela que Rui Rio quis saber da sua disposição para se empenhar na construção de consensos nacionais e que a resposta foi positiva.

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Marcelo falou à chegada a São Tomé e Príncipe, a primeira visita de um Presidente português em 18 anos MIGUEL A. LOPES / LUSA

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou esta noite, ao aterrar em São Tomé e Príncipe, a sua disposição para “acompanhar os esforços” de consensos na vida política nacional, dando uma resposta positiva ao desafio que lhe foi lançado pelo PSD. “Pois se eu ando há dois anos a apelar a este estado de espírito, sem dúvida que o Presidente da República considera que é positivo para Portugal que se procurem domínios [para convergências] e dentro deles formas de diálogo entre os partidos”, afirmou aos jornalistas cerca da meia-noite, horas depois de receber a nova direcção social-democrata em Belém.

À chegada à capital são tomense, o chefe de Estado foi questionado sobre a reunião com Rui Rio e o desafio que lhe tinha sido deixado no congresso do PSD por Morais Sarmento para que patrocinasse acordos de regime e confirmou essa intenção da nova liderança “laranja”, mas preferiu usar outras palavras.

“Foi-me comunicada hoje, pela delegação do PSD e pelo seu presidente, Rui Rio, a intenção, saída do congresso, de procurar, em determinadas áreas, convergências com os diversos partidos em domínios considerados estruturais e com efeitos duradouros na vida pública. E ao mesmo tempo foi perguntada a receptividade do Presidente da República – não para pilotar, não para coordenar, não para patrocinar, mas para acompanhar, de forma empenhada, esse esforço”, explicou.

“E a resposta só podia ser uma”, disse, lembrando os apelos repetidos a consensos que tem feito em áreas como a justiça, a saúde, a educação e a segurança social: “Eu reagi favoravelmente a uma ideia que penso que é boa para Portugal”.

Mas passou de imediato a bola: “Os partidos terão de ter a sensibilidade de, falando entre si, descobrirem por onde começar, qual o método que vão adoptar para trabalhar em conjunto e qual é o calendário. Isso para já é uma iniciativa dos partidos, vamos esperar para ver como eles interagem”, sublinhou.

O chefe de Estado sugeriu mesmo que o primeiro ciclo de conversações já começou, primeiro com a apresentação de cumprimentos ao Presidente, nesta terça-feira com a audiência com o primeiro-ministro e depois com contactos com os restantes partidos. “Vamos esperar o tempo suficiente para perceber o que vai resultar destes contactos”, disse.

“Um novo ciclo de cooperação”

Dito isto, fechou a excepção que acabara de fazer para falar da vida política nacional – “atendendo que estou a aterrar e a acertar o fuso horário” – e voltou ao tema da viagem a este país da comunidade de Língua Portuguesa a que um chefe de Estado português não vinha há 18 anos.

“Tendo passado tantos anos, entramos num novo patamar, numa nova fase de relacionamento com São Tomé e Príncipe que começa com esta minha visita, continuará com outras visitas, quer políticas, quer empresariais, em que há intenção de cobrir tudo: educação, saúde, ONG, solidariedade social, empresas, defesa, segurança, tudo o que se pode cobrir, na medida do possível, vai ser coberto”, prometeu.

Questionado sobre se esta era uma resposta às críticas do primeiro-ministro são-tomense, que disse na semana passada que a cooperação com Portugal precisava de alguma “criatividade”, Marcelo considerou que não eram críticas, mas “anseios que nós temos também”. “É como na nossa vida pessoal e familiar: é preciso, de quando em vez, dar saltos qualitativos, saber recriar, saber reinventar”, considerou.

E foi isso que prometeu fazer com esta visita de Estado: “Dar um salto, ou pelo menos um passo, para um patamar diferente [de cooperação], um patamar que é importante para São Tomé e Príncipe, mas é importante para Portugal e vai ser importante num futuro próximo”.

Mas não quis revelar em que é que isso se vai traduzir e qual a surpresa que traz para o conseguir. “Não é uma questão de surpresa, é uma questão de sedimentação do que tem sido feito e ver como é que se passa para o momento seguinte”.

Mas prometeu alguns imprevistos, como é sua marca. Irá subir a um coqueiro, como fez Cavaco Silva quando visitou o país quando era primeiro-ministro? “Eu tentarei encontrar pontos mais pacíficos mas não menos importantes”, afirmou, reforçando a mensagem política que traz afivelada: “Dizer que São Tomé e Príncipe é prioritário para Portugal” e dar “a garantia de que queremos levar mais longe a cooperação”.

A jornalista viajou num avião da Força Aérea Portuguesa

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