Trump quer proibir modificações que tornam armas mais letais

Presidente dos EUA pediu ao procurador-geral legislação para impedir a venda de equipamento que transforma armas semi-automáticas como a que foi usada no recente massacre na Florida.

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REUTERS/Adrees Latif /Arquivo

O Presidente norte-americano solicitou nesta terça-feira ao Departamento de Justiça que prepare legislação para proibir os equipamentos que permitem modificar armas de venda livre de modo a torná-las mais mortíferas. O memorando assinado por Donald Trump foi enviado ao procurador-geral Jeff Sessions, dias depois do ataque a uma escola em Parkland, onde morreram 14 estudantes e três adultos. O autor do massacre na escola secundária Marjory Stoneman Douglas usou uma arma semi-automática. A venda de armas automáticas, capazes de dispararem em contínuo, é proibida nos EUA, mas existem no mercado equipamentos que permitem transformar uma semi-automática numa arma com disparo contínuo.

Trump revelou esta decisão durante um evento na Casa Branca. Reconheceu que o país precisa "de fazer mais para proteger" os filhos e prometeu que a questão da segurança nas escolas será um dos temas discutidos pela Administração ao longo desta semana. Na cerimónia dedicada às equipas de socorro norte-americanas, Trump disse esperar que as novas regulações sejam finalizadas "muito em breve".

Depois, repetiu uma frase que já tinha expressado logo após o último tiroteio mortal numa escola. "Não podemos tomar decisões que nos façam sentir que estamos a fazer a diferença. Temos, efectivamente, de fazer a diferença."

Nikolas Cruz, que matou 17 pessoas na escola secundária na Florida recorreu ao mesmo dispositivo utilizado pelo atirador que em Outubro de 2017 disparou indiscriminadamente sobre milhares de pessoas que assistiam a um concerto em Las Vegas, matando 58, naquele que foi o ataque com armas de fogo mais mortífero de que há registo na história dos Estados Unidos, com mais de 500 pessoas feridas. O atacante de Las Vegas tinha 12 espingardas modificadas para dispararem em contínuo, informaram na altura as autoridades.

Diz a BBC que estes mecanismos de transformação — os chamados “bump stocks” — estão disponíveis no mercado a partir dos 100 dólares (cerca de 80 euros) e podem ser adquiridos sem que seja necessária qualquer verificação de antecedentes criminais.

À data do ataque de Las Vegas, a Casa Branca e a National Rifle Association (NRA) mostraram-se disponíveis para discutirem a proibição destes mecanismos. Em Novembro, um mês após o tiroteio, a senadora democrata Dianne Feinstein propôs a proibição destes mecanismos de transformação. O Congresso recebeu ainda propostas da Carolina do Sul, Illinois, Washington e Colorado, mas desde então não houve qualquer decisão.

Trump tem estado sob pressão ao longo dos últimos dias, tanto pelas manifestações após o ataque na Florida, como também por causa da forma como respondeu ao ataque — culpando inclusivamente o FBI de perder tempo com a investigação ao alegado conluio russo em vez de investigar o atirador da Florida. Para quem pede mais regulação, mais grave ainda o facto de a campanha presidencial dele ter sido um dos principais beneficiários dos financiamentos da National Rifle Association, a organização que faz lobby para que manter o negócio de armas longe de limitações legais. Dos 14,5 milhões de dólares que usou em anúncios para candidatos republicanos, 11,4 milhões tiveram como destino a campanha de Trump.

Durante o evento desta terça-feira, o líder dos EUA ressalvou que "apesar de desejar a mudança e uma acção decisiva", continua "comprometido a cumprir a lei e a respeitar os procedimentos exigidos". O anúncio de Trump seguiu-se à declaração da porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, que segundo a Reuters esclareceu que o Presidente norte-americano não iria pedir outras medidas relacionadas com o acesso às armas, nomeadamente o aumento da idade mínima para comprar uma semi-automática ou a proibição do modelo AR-15, utilizado em tiroteios como da Florida ou o de Las Vegas.

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