Simone Veil vai para o Panteão em Julho

É a quinta mulher francesa a ter direito a esta honra.

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Simone Veil morreu a 30 de Junho de 2017, com 89 anos FRANCK FIFE

Sobrevivente do Holocausto, ícone da luta pelos direitos humanos, magistrada, ministra e uma das figuras políticas mais amadas de França, Simone Veil vai entrar na curta lista de mulheres sepultadas no Panteão francês, anunciou o gabinete presidencial esta segunda-feira.

A mulher que enquanto jovem judia foi deportada para os campos de concentração nazi e que mais tarde já adulta se tornou o símbolo dos direitos reprodutivos das mulheres, será a quinta mulher a ser sepultada no monumento francês.

Irá juntar-se à cientista Marie Curie, a Geneviève de Gaulle-Anthonioz e Germaine Tillion, ambas da resistência francesa deportadas para a Alemanha, e a Sophie Berthelot, a primeira mulher que ali entrou, sepultada ao lado do marido, o químico francês Marcelino Berthelot, que havia pedido que os dois não se separassem quando morressem. Com direito a esta homenagem estão também o filósofo iluminista Voltaire, o autor de Les Misérables, Victor Hugo, e o escritor Émile Zola.

Simone Veil morreu em Junho de 2017, com 89 anos. Um dos seus maiores feitos políticos aconteceu a 26 de Novembro de 1974, quando subiu à tribuna da Assembleia Nacional francesa enquanto ministra da Saúde para defender a legalização do aborto, numa altura em que, todos os anos, 300 mil mulheres abortavam clandestinamente no país.

A trasladação dos restos mortais de Simone Veil acontecerá em Julho, um ano depois da sua morte. A cerimónia será transmitida em directo nas televisões francesas.

Simone nasceu em 1927 e era a mais nova de quatro filhos de uma família judia burguesa. Em Março de 1944 a família foi presa e deportada de França. O pai e o irmão foram enviados num comboio com destino à Lituânia, enquanto Simone, à data com 16 anos, a mãe, Yvonne, e uma das irmãs, Madeleine, foram enviadas para o campo de concentração em Auschwitz-Birkenau. Regressou a França a 23 de Maio de 1945 com o número de prisioneira — 78651 — tatuado no corpo, na memória e na sua figura política, de luta contra a discriminação e humilhação.

Formou-se em Direito, foi ministra da Saúde do Governo de Giscard d’Estaing, presidente do Parlamento Europeu, membro do Conselho Constitucional e da Academia Francesa.

Manteve-se uma força de optimismo e luta até ao fim. “Continuo a acreditar que vale sempre a pena batermo-nos por qualquer coisa. Digam o que disserem, a humanidade está hoje mais suportável do que no passado”, disse uma vez ao jornal francês Libération.

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