Governo de Maduro quer juntar eleições legislativas às presidenciais

Governo quer antecipar em dois anos as eleições para a Assembleia Nacional, onde existe actualmente uma maioria da oposição.

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Diosdado Cabello propôs juntar eleições legislativas e presidenciais © Carlos Garcia Rawlins / Reute

O regime venezuelano quer marcar eleições legislativas antecipadas para o mesmo dia das presidenciais, marcadas para 22 de Abril. A oposição, que tem maioria na Assembleia Nacional, diz que se trata de mais uma medida para esmagar os críticos do Governo de Nicolás Maduro.

A proposta de fazer coincidir as duas eleições foi revelada pelo vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, que disse ser necessário eleger um novo órgão legislativo, uma vez que a actual assembleia está “paralisada”.

Nas eleições de 2015, a Mesa de Unidade Democrática (uma coligação de vários partidos anti-chavistas) conseguiu ficar com a maioria dos lugares, mas o regime de Maduro continuou a usar a sua influência noutras instituições, sobretudo no Supremo Tribunal, para boicotar as decisões tomadas pela Assembleia Nacional. No ano passado, foi eleita uma Assembleia Constituinte, quase totalmente controlada pelo PSUV, que ocupou o poder legislativo, deixando a Assembleia Nacional sem margem de manobra.

“O nosso país precisa que se tomem decisões, se não fosse a Assembleia Constituinte, o país estaria paralisado”, afirmou Cabello, em declarações à televisão estatal. De acordo com o calendário eleitoral, as próximas eleições legislativas deveriam ser realizadas apenas em 2020.

O objectivo de Maduro – que pretende ser reeleito em Abril – é aproveitar o actual momento de desunião entre a oposição, que tem apresentado profundos desentendimentos sobre se deve participar nas próximas eleições. De acordo com o El País, a maioria dos dirigentes da MUD não concorda com a participação nas eleições de Abril e pelo menos dois dos partidos já anunciaram um boicote.

O ex-candidato presidencial Henrique Capriles anunciou esta semana que não irá participar nas eleições, que considerou “fraudulentas”. 

Um dos poucos candidatos da oposição que já apresentou candidatura é o ex-chavista Henri Falcón, que criticou a proposta de juntar as duas eleições. “Isto dificilmente contribui para o clima de calma e segurança de que a nação precisa”, afirmou. Falcón disse ainda à Reuters que a Assembleia Constituinte e a comissão eleitoral perderam legitimidade aos olhos do mundo.

Nas últimas semanas, o agudizar da crise económica levou dezenas de milhares de pessoas a fugir para a Colômbia e Brasil e ambos os países reforçaram a protecção das suas fronteiras terrestres, causando receios de que se possa estar próximo do eclodir de uma crise de refugiados. Calcula-se que só na Colômbia existam 300 mil venezuelanos em situação irregular.

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