Cidadãos acusam câmara de querer transformar largo da feira de S. Pedro em estacionamento

Munícipes defendem a criação de parques de estacionamento na periferia e não no centro histórico de Sintra. Autarquia diz que estacionamento no largo vai ser reduzido para menos de metade.

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Um grupo de cidadãos que integram as associações cívicas e culturais Canaferrim e Sintra Penaferrim e o movimento “Q Sintra" estão a contestar o projecto, proposto pelo câmara municipal, de requalificação do Largo D. Fernando II, em São Pedro de Sintra. Os cidadãos temem que o Largo da Feira, como é conhecido, e que acolhe quinzenalmente a feira de São Pedro, se transforme num parque de estacionamento automóvel e traga mais carros para o centro da vila. 

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Um grupo de cidadãos que integram as associações cívicas e culturais Canaferrim e Sintra Penaferrim e o movimento “Q Sintra" estão a contestar o projecto, proposto pelo câmara municipal, de requalificação do Largo D. Fernando II, em São Pedro de Sintra. Os cidadãos temem que o Largo da Feira, como é conhecido, e que acolhe quinzenalmente a feira de São Pedro, se transforme num parque de estacionamento automóvel e traga mais carros para o centro da vila. 

A câmara de Sintra diz, no entanto, que o projecto de requalificação previsto pretende "abrir o espaço à população", acabando "com cerca de 60% do estacionamento automóvel” que existe actualmente naquela na praça. 

Os munícipes foram, no final da semana passada, a uma sessão da Assembleia de Freguesia da União das Freguesias de Sintra, para defender que “qualquer intervenção no local deve ter como objectivo o reforço da sua identidade histórica e da sua utilidade social”, por um “espaço público de qualidade e sustentável”. 

Os movimentos cívicos reconhecem a necessidade de serem feitas obras no largo para pôr fim, por exemplo, ao estacionamento indisciplinado. No entanto, consideram que a construção de um parque de estacionamento “aparece à revelia das boas práticas de gestão autárquica e das mais recentes teorias urbanísticas que privilegiam o peão em detrimento do automóvel”. Segundo referem, em comunicado, não entendem este projecto “à luz do compromisso, expresso pelo presidente da câmara de Sintra em várias declarações públicas, de retirar o trânsito do centro histórico”. 

Em resposta ao PÚBLICO, a câmara de Sintra, através do seu gabinete de comunicação, refuta as críticas dos munícipes, admitindo que com a requalificação do largo “haverá mais espaço para as pessoas”, com a criação de uma área onde os carros não poderão aceder e para onde está prevista a “colocação de elementos de estadia e a criação de um anfiteatro”. E que os carros ficarão, assim, “restringidos” a apenas uma área. 

A proposta dos cidadãos é de que sejam construídos lugares de estacionamento nas ruas contíguas ao largo (Rua Marquês de Viana e Rua Serpa) que possam servir moradores e o comércio local. 

“Um parque de estacionamento é sempre gerador de tráfego, pelo que instalar parques de estacionamento dentro do centro histórico de Sintra não resolverá os problemas de mobilidade, antes os agravará”, continuam.

O grupo sugere ainda que sejam criados parques de estacionamento periféricos, ou seja, fora do núcleo urbano de Sintra, servidos por uma rede de transportes ecológicos e integrados, interligando São Pedro de Sintra, Chão de Meninos, Portela, Estefânia e Vila Velha, bem como os monumentos localizados na Serra, de forma a que “o estacionamento no centro histórico se restrinja às bolsas existentes”.

Feira mantém-se na mesma praça

A Praça D. Fernando II acolhe, de duas em duas semanas, a histórica feira de São Pedro. A garantia do município é a de que a feira se manterá no mesmo local. “A feira é um dos elementos a valorizar com este projecto, prevendo-se a infra-estruturação da praça com rede de redistribuição de energia eléctrica enterrada, por forma a dotar o espaço de melhores condições para o exercício das actividades”, descreve o município. 

O piso actual, em pedra, será mantido e regularizado, diz a autarquia. A obra prevê também a remodelação da rede de abastecimento de água e a implementação de sistemas de saneamento e da rede de esgotos domésticos.

O custo da empreitada ronda os 700 mil euros, acrescidos de IVA à taxa legal em vigor. Se se cumprirem as previsões da câmara de Sintra, a obra deverá ter início em Outubro e estará concluída nove meses depois, em Junho de 2019.