Com mais lucros, Galp sente-se “na obrigação” de subir dividendos

Petrolífera dá mais cinco cêntimos por acção aos investidores, num total de 55 cêntimos. Amorim Energia vai receber 152 milhões e Parpública cerca de 34 milhões.

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A produção de petróleo no Brasil continua a ser o motor de crescimento da Galp ricardo campos

Com um aumento de lucros de 25% em 2017, para 602 milhões de euros, a Galp Energia deu boas notícias aos accionistas: em vez de 50 cêntimos por acção, vai propor que o dividendo de 2017 seja de 55 cêntimos. Contas feitas, a Amorim Energia, que tem 33,34% da Galp e é controlada em 55% pela família Amorim, estando o restante nas mãos da Esperaza (repartida entre a Sonangol e a empresária Isabel dos Santos), receberá 152 milhões de euros.

Já o Estado, que através da Parpública detém 7,48% da Galp, receberá 34 milhões. Foram o melhor desempenho verificado no ano passado e as melhores condições de mercado que “tornaram quase obrigatório que partilhássemos os ganhos com os accionistas”, afirmou o presidente da petrolífera, Carlos Gomes da Silva, no encontro anual com a comunidade financeira, em Londres. Citado pela Reuters, o gestor acrescentou, neste evento em que apresentou o plano estratégico da empresa até 2020, que vê potencial para aumentar dividendos nos próximos anos.

A Galp atribuiu a subida dos resultados em 2017 ao “aumento da produção de petróleo e de gás natural no Brasil, aliado à boa performance das actividades de downstream [distribuição e comercialização]”.

A produção média anual subiu 38% para 93,4 mil barris por dia em 2017 e, no último trimestre, passou a barreira dos 100 mil barris/dia. Até 2020, diz a Galp, este indicador estará nos 150 mil barris/dia (mais 50%), com um crescimento entre 15% a 20% este ano.

Com o preço do petróleo em torno dos 70 dólares no arranque de 2018, a petrolífera tomou como base nas projecções até 2020 uma cotação nos 60 dólares, mas assegura que os seus projectos já são rentáveis a partir dos 25 dólares por barril. "Garantimos que fazemos dinheiro mesmo em condições de baixo preço de petróleo. O actual breakeven [retorno do investimento] está em torno dos 25 dólares por barril”, afirmou Gomes da Silva.

Até 2020, o investimento rondará em média os mil milhões de euros por ano e a grande fatia (70%) destina-se a desenvolver os projectos de exploração e produção de petróleo e gás no Brasil e Moçambique. Se o primeiro continua a ser o “grande motor de crescimento”, o segundo, onde a Galp está a desenvolver, com a Eni, uma unidade de liquefação flutuante de gás natural na bacia do Rovuma, será o “eixo estratégico para a próxima década”.

As acções da Galp estiveram a cair perto de 2% nas horas seguintes às do anúncio, embora tenham fechado a cair apenas 0,14%, para 14,67 euros. A meta para o investimento “desilude dadas as expectativas de poupanças com as eficiências em curso no Brasil”, afirmou a equipa de analistas do BPI, citada pela Reuters.

Já os analistas da Société Générale destacam que os objectivos da Galp, de atingir uma produção de 150 mil barris por dia, está 8% abaixo da estimativa que tinham. “A subida de 10% do dividendo é interessante, mas não houve surpresas positivas no guidance [orientações para 2018]”, disseram ainda.

Em Londres, o presidente da Galp explicou que o investimento previsto para este ano inclui duas paragens para manutenção das refinarias de Sines e Matosinhos (cujos trabalhos implicam um esforço de 70 milhões de euros), mas também um reforço de 200 milhões de euros no Brasil, devido ao aumento da posição de 14% para 17% na área adjacente de Carcará (um dos campos explorados pela Galp na bacia de Santos).

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