Elina Fraga considera auditoria "persecutória" e diz que desconhecia investigação judicial

A nova vice-presidente do PSD afirma não ter sido notificada.

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A ex-bastonária foi eleita este fim-de-semana no Congresso Nacional do PSD Miguel Manso

A ex-bastonária da Ordem dos Advogados Elina Fraga garantiu à Lusa nesta segunda-feira que desconhecia a existência de qualquer inquérito judicial em torno da sua gestão à frente da ordem, argumentando que não foi notificada. Elina Fraga esteve em foco no fim-de-semana, quando foi uma das escolhas do novo líder do PSD, Rui Rio, para a direcção do partido, e classifica a auditoria que está na base do inquérito judicial como "persecutória", que faz "conclusões absurdas".

"Desconhecia qualquer processo, não fui notificada de nada pelo Ministério Público. Sabia, como foi público, que tinha ocorrido uma auditoria que, do meu ponto de vista, tinha um carácter persecutório, basta pensar que eu nem sequer fui ouvida nessa auditoria", disse Elina Fraga à Lusa.

O Ministério Público abriu um inquérito na sequência de uma auditoria às contas da Ordem dos Advogados, que abrange o mandato da ex-bastonária Elina Fraga, divulgou nesta segunda-feira a Procuradoria-Geral da República (PGR).

A nova vice-presidente do PSD, eleita este fim-de-semana no Congresso, refere que é "normal" que a Procuradoria-Geral da República investigue. "Estou serena, tranquila e devo dizer que a mesma auditoria e a mesma participação terá sido feita ao Conselho Superior da Ordem dos Advogados, tendo o processo já sido arquivado por se entender que não pratiquei a ilegalidade que me vinha imputada", declarou.

Elina Fraga salientou que não se pode concluir que esteja "indiciada a prática do que quer que seja que se possa configurar como ilegal". A ex-bastonária refere ainda que não se vai demitir do cargo no PSD e acusa a auditoria de fazer "conclusões absurdas".

"Essas são questões internas. Não me demitirei nunca por ter consciência que tenha praticado qualquer ilícito ou qualquer tipo de ilegalidade. A autoria faz conclusões absurdas", defendeu. Elina Fraga deu como exemplo o facto de a auditoria referir que a Ordem dos Advogados tinha dinheiro espalhado por 200 contas bancárias.

"Basta pensar que existem sete conselhos regionais e quase 200 delegações que utilizam todas o mesmo número de contribuinte, que é o da Ordem dos Advogados. São 200 contas em nome da Ordem dos Advogados, mas titulada pelos Conselhos Regionais e Delegações da Ordem dos Advogados. A má-fé da auditora fala das contas, mas não esclarece que essas contas se destinavam a receber as transferências de dinheiro do Conselho Geral para que as delegações pudessem pagar aos funcionários e arrendamentos que tinham", explicou.

Sobre o facto de o inquérito ser conhecido depois de ser eleita uma das vice-presidentes do PSD, Elina Fraga afirmou que não acredita em coincidências. "Compreendo que algumas elites possam estar muito preocupadas com a minha entrada no palco político e isso foi bem visível em algumas reacções a que eu assisti", frisou. A ex-bastonária explicou que não se vai constituir como arguida ou assistente no processo, referindo que o Ministério Público terá de a notificar se necessitar de algum esclarecimento.

"Soube da abertura do inquérito pela comunicação social. Já decorreram meses e não fui notificada, imagino que o Ministério Público esteja já esclarecido ou a esclarecer aquilo que resulta da auditoria sem ter tido necessidade de me ouvir em qualquer qualidade", concluiu. Elina Fraga foi bastonária da Ordem dos Advogados entre 2014 e 2016.

Nesta segunda-feira, a PGR explicou que em Novembro passado recebeu "o relatório de auditoria realizado às contas e procedimentos da Ordem dos Advogados (nos triénios 2011/2013 e 2014/2016)", tendo essa documentação sido remetida ao Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, que "deu origem a um inquérito que se encontra em investigação".

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