Vídeo homofóbico entra na campanha das eleições russas

Opositores de Putin acreditam que o vídeo anónimo tenha sido criado pela campanha do actual Presidente tendo como objectivo assustar os eleitores em relação a ideais de respeito pela comunidade LGBTQ.

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O activista russo pelos direitos LGBTQ Nikolai Alexeyev detido pela polícia após uma manifestação REUTERS/Alexander Natruskin

Ninguém sabe quem mandou fazer o vídeo, mas o objectivo é claro: passar uma mensagem homofóbica e xenófoba para instar os russos a votarem nas eleições do próximo mês "antes que seja tarde de mais", que é o mesmo que dizer, antes que o país se torne "gay friendly", noticia o jornal britânico The Guardian.

Nos últimos dias, um vídeo com cerca de três minutos com actores profissionais e uma mensagem clara direccionada para as eleições presidenciais de 18 de Março está a ser viral na Rússia e ninguém sabe quem o mandou fazer. A ideia é "assustar" os eleitores, promovendo um vídeo que recorre ao exagero para afastar os eleitores de ideais progressistas de apoio aos direitos da comunidade LGBTQ.

Jornalistas opositores ao regime acreditam que esta iniciativa poderá ter saído da campanha de Vladimir Putin ou do comité eleitoral do país como resposta do Presidente e candidato aos opositores que defendem a abertura da Rússia a direitos de algumas comunidades. Acresce que o slogan de campanha de Putin passa por mostrar uma imagem de masculinidade: "Um presidente forte. Uma Rússia forte".

Ksenia Sobchak, uma ex-jornalista liberal candidata às eleições de Março, tem defendido os direitos LGBTQ e por isso considerou que o vídeo incita ao ódio àquela comunidade. "Na minha opinião, podemos rir de toda a gente. Do Hitler ou de gays. Mas expor pessoas LGBTQ a ameaças num país homofóbico não é nenhuma piada", comentou.

Mas afinal o que tem o vídeo? A narrativa desenrola-se durante o sono de um homem, na casa dos 50, no dia das eleições. Um sonho que mais não é do que um pesadelo para ele. Entre outros acontecimentos – como ser obrigado, aos 50 anos, a ingressar no serviço militar –, enquanto sonha, o homem dirige-se à cozinha onde encontra um homem homossexual com tatuagens a arranjar as unhas. Perante o cenário, pergunta à mulher o que se passa e esta explica-lhe que há uma nova lei que obriga as famílias russas a "adoptarem" um homossexual que tenha sido abandonado pela família.

No passo seguinte, no sonho, esse mesmo homem vê-se deitado na cama com o mesmo homem gay e acorda, assustado. A primeira coisa que diz à mulher é que tem de ir votar rapidamente "antes que seja tarde de mais". 

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