Os consagrados Cid, JP Simões e Mallu caíram à primeira (e Salvador acertou na mouche)

A primeira semifinal da edição de 2018 do Festival da Canção decorreu este domingo no Estúdio 1 da RTP. Ficaram apuradas as canções defendidas por Anabela, Catarina Miranda, Rui David, Joana Espadinha, Joana Barra Vaz, Peu Madureira e Janeiro.

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Janeiro Fotografia gentilmente cedida pela RTP
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Beatriz Pessoa com Mallu Magalhães Fotografia gentilmente cedida pela RTP
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Peu Madureira Fotografia gentilmente cedida pela RTP
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Catarina Miranda Fotografia gentilmente cedida pela RTP
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Anabela Fotografia gentilmente cedida pela RTP
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Joana Espadinha Fotografia gentilmente cedida pela RTP
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Joana Barra Vaz Fotografia gentilmente cedida pela RTP
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Bruno Vasconcelos Fotografia gentilmente cedida pela RTP
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Rui David Fotografia gentilmente cedida pela RTP
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JP Simões Fotografia gentilmente cedida pela RTP
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Rita Dias Fotografia gentilmente cedida pela RTP
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José Cid Fotografia gentilmente cedida pela RTP
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Júlio Isidro, presidente do júri, e os apresentadores Jorge Gabriel e José Carlos Malato Fotografia gentilmente cedida pela RTP

O caminho para o Multiusos de Guimarães e para a Altice Arena começou no domingo à noite. O Estúdio 1 da RTP recebeu a primeira semifinal da edição de 2018 do Festival da Canção e apurou sete finalistas que, a 4 de Março, subirão ao palco para competirem pela possibilidade de defenderem Portugal na Eurovisão – que, tal como se sabe, será pela primeira vez realizada em Lisboa, no início de Maio.

Foi um rol de temas mais variados e mexidos do que aquilo que era dado a entender pelos excertos de 45 segundos disponibilizados na semana passada. As canções apuradas foram: Para te dar abrigo, de Fernando Tordo para Anabela, ambos vencedores de edições anteriores; Para sorrir eu não preciso de nada, de Júlio Resende, com letra de Camila Ferraro, para Catarina Miranda, que faz música a solo como emmy curl; Zero a zero, de Benjamim para Joana Espadinha; (sem título) de e por Janeiro; Anda estragar-me os planos, de Francisca Cortesão e Afonso Cabral para Joana Barra Vaz; e Só por ela, de Diogo Clemente para Peu Madureira.

A canção Sem medo, interpretada por Rui David e composta por Jorge Palma, também foi apurada — mas só se soube na segunda-feira, depois de a RTP ter detectado um erro na contagem dos votos. É um tema muito menos politicamente engajado do que, por exemplo, O pecado (do) capital, uma das duas canções que co-escreveu e interpretou no mítico e atípico festival de 1975, o único outro ano em que Jorge Palma tinha participado.

A decisão foi metade de quem ligou para votar em casa e metade do júri presidido por Júlio Isidro, que decide em caso de empate, que foi o que aconteceu. Madureira, o fadista, foi o favorito dos votantes em casa – e bastante aplaudido no estúdio –, enquanto Janeiro, cuja canção despojada foi interpretada de fita na cabeça e sentado na borda do palco, com uma guitarra eléctrica nas mãos, ligada a um amplificador que por sua vez não estava ligado a nada, recebeu a pontuação máxima do júri – e foi entrevistado por Inês Lopes Gonçalves na green room enquanto comia uma banana, com Salvador Sobral, o vencedor do ano passado que o escolheu para participar, ao seu lado. 

O júri é composto por, além de Isidro, Sara Tavares, Luísa Sobral, Ana Markl, Ana Bacalhau, Carlão, Tozé Brito, o jornalista do PÚBLICO Mário Lopes e António Avelar de Pinho. Este último, letrista, escritor e produtor e co-fundador da Banda do Casaco e que co-escreveu sete canções de edições passadas do Festival com Nuno Rodrigues, cuja Companhia Nacional de Música fez queixa de Tony Carreira ao Ministério Público por plágio, aproveitou o lugar de jurado para comentar esse assunto e assegurar que não havia canções que fossem copiadas de outras em competição.

Para trás ficaram nomes como José Cid, que, 50 anos depois de ter concorrido pela primeira vez, levou para o palco cinco músicos, além de um piano de cauda, para tocarem em playback O som da guitarra é a alma de um povo numa cerimónia em que só as vozes são ao vivo; JP Simões, que incluiu na sua canção, alvoroço, um momento de psicadelia decididamente não-festivaleiro, com trompete e um jogo de luzes a andar de um lado para o outro; ou as meta-referenciais e festivaleiras Austrália, de Nuno Rafael para Bruno Vasconcelos, cuja letra, de Samuel Úria, incluía “quem koala consente” e referências a Kylie Minogue, e Com gosto amigo, de e por Rita Dias, que fez uma candidatura espontânea pela Antena 1 para concorrer ao festival e cuja canção referenciava temas vencedores do passado, como Ele e ela, cantada por Madalena Iglésias. Depois de a RTP ter anunciado um erro na votação nesta segunda-feira, ficou também para trás a canção Eu te amo, de Mallu Magalhães para Beatriz Pessoa, que esteve em palco com a compositora e uma trompetista.

Iglésias, que morreu no passado mês de Janeiro, foi aliás homenageada num vídeo logo no arranque da cerimónia apresentada por Jorge Gabriel (que não se cansava de dar, longe das câmaras, uns passos de dança enquanto excertos das canções eram repetidos exaustivamente) e José Carlos Malato. Após as actuações, e ainda com os votos a serem contados, um grupo que incluía, entre outros, João Pedro Coimbra, dos MESA, o duo Virgem Suta, e Marlon, d'Os Azeitonas, fez um medley de Carlos Paião. Mais para o fim, Dina, cujo final de carreira foi anunciado em 2016, também teve direito a tributo em vídeo.

Para Nuno Galopim, um dos arquitectos desta nova versão do festival e um dos responsáveis pela escolha dos compositores, esta primeira etapa foi altamente satisfatória. Em declarações ao PÚBLICO depois do fim, disse que “correu de forma perfeita”, musicalmente falando, em termos das expectativas da organização. Demonstrou a variedade da música portuguesa moderna. Tanto Galopim quanto Francisca Cortesão, uma das compositoras, e Inês Lopes Gonçalves, a apresentadora que acompanhou a green room do concurso, sublinharam, a falar com o PÚBLICO, o espírito de pouca competitividade entre eles, com os músicos num espírito – há, por exemplo, concorrentes que são amigos, colaboram uns com os outros ou que partilham editoras.

Para a semana há mais um capítulo, com canções de Aline Frazão, Tito Paris, Paulo Flores, Capicua, Miguel Ângelo, Xinobi, João Afonso, Daniela Onís, Armando Teixeira, Diogo Piçarra, Isaura, Peter Serrado ou Francisco Rebelo a concurso.

Notícia actualizada às 13h56 de 19 de Fevereiro: a RTP anunciou que houve um erro na contagem dos votos, fazendo com que a canção de Jorge Palma passe à final e a de Mallu Magalhães fique para trás.

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