Novos modelos de proteção social e de funcionamento partidário

Temos de adaptar os sistemas políticos — nomeadamente as formas de participação política e de eleição de representantes — aos novos tempos.

O congresso do PSD e o congresso da Juventude Social Democrata (JSD), em abril, acontecem num momento chave para a política portuguesa. Já decorreu mais de metade da legislatura e o Governo PS, sustentado pela parceria com o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista, já construiu a marca que o acompanhará até ao fim: não ter produzido qualquer reforma estrutural.

Precisamos de propostas políticas novas que rompam com o “statu quo” de décadas, que sejam disruptivas e que provoquem verdadeiras mudanças. Como disse o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, “não podemos querer ter economias 4.0 com sistemas sociais 2.0 ou 3.0” — ou com políticos 1.0 como alguns que suportam este Governo.

A pior forma de lidar com o dinamismo económico e com a inovação e a flexibilidade que hoje ganham terreno em todo o mundo é tentar responder-lhes com modelos que foram pensados para uma economia baseada na indústria e nos serviços de antigamente. A questão é que hoje só poderemos defender os direitos atuais e futuros das novas gerações se tivermos sistemas de proteção social adequados às “startups” de hoje, às Uber de hoje, ao remote work de hoje.

Adaptar não significa diminuir direitos! Pelo contrário, tem de significar defender, efetivamente, os direitos das pessoas — que é o que os modelos que ainda hoje estão em vigor já não conseguem fazer. O PSD e a Juventude Social Democrata, enquanto plataforma para dinamizar o debate político nas novas gerações, têm de assumir as suas responsabilidades no lançamento deste debate: estes são os problemas da minha geração!

Defender o Modelo Social Europeu hoje tem de ser feito com instrumentos diferentes dos que foram usados há 70, há 50 e há 40 anos. Defender o Modelo Social Europeu hoje — ser social-democrata hoje — tem de ser inventar e construir novos modelos de regulação e de proteção social adaptados à velocidade estrutural da mudança que a nova era imprimiu nas nossas vidas. Temos de construir soluções que produzam melhores resultados para os jovens e para toda a sociedade do que as velhas soluções estão, hoje, a produzir. Soluções que lhes defendam os direitos e lhes resolvam os problemas!

Como se sabe, sou candidato a presidente da Juventude Social Democrata. O meu projeto — e o projeto das pessoas que me apoiam — é transformar a JSD numa juventude partidária que volte a estar no seu tempo e ajude a construir o futuro. Não podemos ter uma sociedade 4.0 com juventudes partidárias 2.0.

Temos de adaptar os sistemas políticos — nomeadamente as formas de participação política e de eleição de representantes — aos novos tempos. Os partidos são estruturas com uma necessidade urgente de refundação. São fundamentais para a democracia, mas estão caducos.

A JSD tem de liderar em Portugal a mudança que é necessário fazer. Tem de ter a capacidade de romper e de arriscar que já nos caracterizou noutro tempo e nos fez merecer o respeito da juventude portuguesa. Quero, por isso, inaugurar um debate alargado de refundação da estrutura. Serei o primeiro a questionar tudo.

Proponho, desde já, que a eleição para presidente da JSD possa ser feita em eleição direta, com voto electrónico, sem que os militantes tenham de pagar quotas.

Nos dias de hoje, os melhores de cada geração já não vivem nem ganham a vida nos concelhos onde nasceram, onde cresceram ou onde estudaram. Alguns dos melhores militantes da JSD que conheço não estão a maior parte do tempo nos concelhos onde estão inscritos como militantes. Estão noutras cidades a estudar. Estão noutros países em Erasmus. Estão a fazer investigação em universidades noutros continentes. Estão a trabalhar em multinacionais.

Nesta fase das suas vidas, a maior parte desses militantes só vem a Portugal de mês a mês e isso retira-lhes qualquer possibilidade prática de participarem, presencialmente, na vida política da JSD — nomeadamente para votarem. O que proponho à “minha JSD”, e o que proponho ao partido, é a discussão e a construção de novas formas de participação política. Daremos o tiro de partida para um novo PSD.

Comigo como presidente da JSD, esse movimento começará no dia a seguir à minha eleição.

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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