Rio disponível para "entendimentos" sobre matérias estruturais

Novo líder do PSD desafiou Governo para uma reforma da segurança social.

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Rio considera que “o actual governo não tem condições de levar a cabo políticas públicas capazes de induzir o crescimento económico” Miguel Manso

Num discurso muito marcado pelas áreas sociais como a saúde e a educação, o novo líder do PSD mostrou-se disponível para “entendimentos alargados” para o país ultrapassar o “conjunto de estrangulamentos” de ordem estrutural. Há outros, mais conjunturais, que se revolvem facilmente com a “mudança da solução governativa”. Para já Rui Rio lançou o desafio ao Governo e parceiros sociais para uma reforma da segurança social.

É em nome do país e do interesse nacional que o novo líder do PSD desafia os demais partidos – sem nunca se referir ao PS – a dialogar para ultrapassar os estrangulamentos ao desenvolvimento de Portugal. “Uns resolvem-se facilmente de mudança de solução governativa. Sem espartilhos e sem submissão a clientelas corporativas”, afirmou, fazendo o contraste com os outros constrangimentos de “ordem estrutural” que só com “entendimentos alargados o país conseguirá ultrapassar”. “Para a resolução desses devemos estar todos disponíveis em nome do interesse nacional”, reforçou.

Rio colocou em cima da mesa a ambição de “ganhar as próximas eleições” para “liderar um governo capaz de substituir uma solução governativa ancorada em contradições estruturalmente insuperáveis”. Tal como o líder que cessou funções neste congresso, também Rui Rio considerou que a maioria de esquerda tem uma “governação que navega ao sabor da conjunta e que não cuida de preparar o futuro como ele tem de ser preparado”.

Aliás, na área económica, em que aponta o “fraco crescimento” que Portugal tem tido, o novo líder do PSD considera que “o actual governo não tem condições de levar a cabo políticas públicas capazes de induzir o crescimento económico” por “estar amarrado aos seus compromissos com a esquerda adversária da iniciativa privada, aliada do aumento da despesa e do endividamento público, avessa a uma política promotora da poupança”.

O líder social-democrata, que é economista, defendeu que o motor do crescimento económico “não pode assentar no consumo nem público nem privado”, acrescentando que “esse foi o erro” que conduziu Portugal “à recente desgraça financeira”. Esse motor – sublinhou – “têm de ser as exportações e o investimento”.

Apontando a evolução demográfica negativa como um problema da Segurança Social, o novo líder do PSD defendeu uma reforma do sistema que lhe “confira justiça, racionalidade económica e sustentabilidade”. “É este o desafio que o PSD faz ao Governo, aos demais partidos e aos parceiros sociais”, lançou Rui Rio, numa batalha que já era a de Passos Coelho: trazer o PS para a mesa das conversações sobre esta matéria.

Outra das linhas fortes do discurso foi a crítica ao país “irracionalmente concentrado e centralizado”. Por um lado, apelou para que se olhasse para as “franjas mais abandonadas do território, designadamente as do interior”. Por outro questionou a localização da sede dos institutos públicos todos em Lisboa. “Será que o Tribunal Constitucional ou a Provedoria de Justiça não poderiam estar localizados, por exemplo, em Coimbra?”, questionou, lançando assim os pilares da reforma do Estado.  Uma reforma “capaz de também garantir um país mais equilibrado territorialmente e com uma melhor e mais rigorosa gestão da despesa pública”, afirmou, criticando o peso da administração central “despesista e, muitas vezes, descontrolada”. Sem apelar directamente ao entendimento, Rio propôs um “debate alargado”, “sério” e “sem tabus”.

Apontando deficiências às áreas de soberania – como a defesa nacional, a segurança ou a justiça – o novo líder do PSD defendeu a necessidade de um “Estado forte e organizado que que liberte e proteja os cidadãos”.

Na área da saúde, o antigo autarca do Porto identificou uma “preocupante degradação nos últimos dois anos”, referindo como exemplos as “urgências caóticas, os serviços de internamento permanentemente sobrelotados, a falta de recursos humanos, a desertificação de médicos no interior do país, o défice de investimento e as cativações cegas”.

No sector da educação, Rio também não vê motivos para a actual governação se poder “orgulhar”, já que, “na prática o que se tem andado a fazer é reverter alguns avanços significativos que o país já tinha conseguido”.

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