Fernando Negrão: “Não vou olhar a quem veio de onde”

O candidato à liderança da bancada social-democrata promete uma maior coordenação do grupo parlamentar e deste com a direcção do partido.

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Fernando Negrão é até agora o único candidato à liderança do grupo parlamentar “laranja” MIGUEL A. LOPES/LUSA

Até agora é o único candidato a líder do grupo parlamentar e coordenou a sua candidatura com o presidente do PSD, Rui Rio. Garante que a equipa de direcção da bancada vai ser mais pequena, seis ou sete vice-presidentes, para garantir mais coesão. E garante que a nova direcção do PSD vai tomar decisões sobre assuntos em debate no Parlamento como o pacote da transparência e o veto do Presidente às alterações à lei do financiamento partidário.

Está à espera de ter oposição à sua candidatura?
Não, presumo que não, que não venha a acontecer. O congresso já deu sinais de grande união. Tenho a certeza de que se reflectirá no grupo parlamentar.

Qual é para si a fasquia para sentir que a sua eleição lhe dá solidez para liderar a bancada?
Isso é um bocadinho como o código postal, eu diria que meio caminho já está andado, uma vez que parece que não haverá segunda lista, o que é razoável. Quanto ao segundo caminho, estamos a falar do que podem ser os votos em branco, se forem num número muito grande. Quando disse por um voto se ganha, era se houvesse outra lista. Não tendo acontecido, é evidente que por um voto posso ganhar. Mas obviamente que ganhar por um voto não me conforta, nem dá solidez.

Qual seria a fasquia? 50%? 80%?
Não quero estar a quantificar o número de votos, depois se verá e tirarei as consequências.

A sua direcção ainda não está anunciada, além do deputado Adão Silva, como primeiro vice-presidente, mas tanto quanto sei acordou com o líder do partido reduzir o número de vices, que actualmente são mais de dez. Vai ter seis, sete?
Entre seis e sete. Falei com o líder do partido e comungávamos os dois da mesma ideia de que devia ser uma equipa que não fosse muito grande e que fosse coesa. Para ser coesa não pode ser muito grande.

Ainda não apresentou a lista, mas vai procurar elementos de continuidade da anterior direcção, além de Adão Silva? Por exemplo, Leitão Amaro e Teresa Morais?
Todos os nomes são possíveis, agora depende do perfil que vamos imprimir à direcção do grupo parlamentar. Não vou olhar a quem veio de onde. Acho isso um erro e não faz parte daquilo que é a minha visão política e de resolução dos problemas. Vamos tentar encontrar os perfis mais adequados a cada uma das áreas.

Já tem alguma estratégia de gestão do grupo preparada?
Sim. Há um tipo de acção que é muito importante nos grupos parlamentares, designadamente no PSD. É reuniões com alguma periodicidade entre direcção do grupo parlamentar e as coordenações. Valorizar o trabalho dos coordenadores nas várias comissões da Assembleia da República, juntamente com a direcção. Esse trabalho é fundamental para podermos articular o trabalho que queremos levar a cabo, para podermos estar todos a par de tudo o que se passa transversalmente na Assembleia da República e nas várias comissões. Porque muitas vezes estamos a discutir uma matéria na comissão de Saúde, por exemplo, e simultaneamente na comissão de Assuntos Europeus está a ser discutida uma directiva que implica com a matéria que estamos a discutir na comissão de Saúde e na comissão de Saúde não se sabe. Essa comunicação vai ter de ser feita.

Vai mexer nas presidências das comissões? O senhor preside à comissão eventual da Transparência e vai ter de ser substituído. Já tem nome candidato a substituto?
Ainda não fiz contactos absolutamente nenhuns porque ainda não fui eleito. Estou a aguardar por quinta-feira.

Mas será o deputado José Silvano, por exemplo?
É membro da comissão, é um potencial presidente.

Pretende mexer nas presidências das outras comissões parlamentares que são do PSD?
Não. A não ser que algum dos respectivos presidentes não queira continuar.

Rui Rio apontou as áreas em que quer negociar reformas com o PS. Uma é muito conhecida, a descentralização. O Governo está à espera, há já um trabalho parlamentar anterior. Falou da Justiça, do sistema político, não concretizou. Tem algumas perspectivas de como poderá fazer esse trabalho a nível parlamentar?
A definição tem de ser feita no partido. E o presidente do grupo parlamentar tem assento no órgão máximo do partido. Há uma articulação a fazer-se entre o grupo parlamentar e a direcção do partido. O grupo parlamentar tem pessoas muito conhecedoras desses assuntos. Portanto, o aporte que a bancada levará, através de mim, à direcção do partido será com certeza muito importante. Depois há a questão das negociações. É uma questão de contarmos todos com as boas vontades para encontrarmos todos a melhor solução para Portugal e para os portugueses.

O que fará o PSD na votação das alterações à lei do financiamento partidário, que o Presidente da República devolveu à Assembleia?
A muito curto prazo teremos um longo debate no Parlamento sobre o financiamento partidário. É uma matéria de grande relevância. É uma matéria muito mal compreendida, porque mal explicada, normalmente. Portanto, tem de haver a máxima clareza nessa matéria e principalmente a máxima explicação às pessoas do que é o financiamento dos partidos.

O PSD vai confirmar as alterações que o Presidente da República chumbou?
Isso é uma decisão da direcção do partido, articulando com o grupo parlamentar e ainda não está tomada.

Em relação ao pacote da transparência, o PSD vai avançar com propostas novas?
Temos feito um longo trabalho que é conhecido, grande parte dele tem sido de negociação permanente entre os partidos políticos. Tenho a certeza de que, com a nova liderança, haverá eventualmente uma nova abordagem a esse problema. Será uma decisão a articular com a direcção do grupo parlamentar.

A partir de segunda-feira essas articulações começarão?
Sim. Se não for mesmo antes.

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