Netanyahu diz que "é tempo de parar" o Irão

Primeiro-ministro israelita admitiu agir contra Teerão na conferência sobre segurança em Munique. Ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano classificou discurso de “circo cartoonista, que nem sequer merece resposta”.

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Netanyahu levou um pedaço daquilo que diz ser um drone iraniano que entrou no espaço aéreo israelita no mês passado Reuters/HANDOUT

Benjamin Netanyahu garantiu que Israel agirá contra o Irão se necessário, reiterando que aquele país é a maior ameaça mundial. O primeiro-ministro israelita proferiu estas declarações durante a conferência sobre segurança que tem lugar este fim-de-semana em Munique, segurando na mão uma peça do que diz ser um drone iraniano que entrou no espaço aéreo de Israel no mês passado.

“Israel não vai permitir que o regime dê um laço de terror em redor do nosso pescoço”, disse este domingo, citado pela Reuters, apelando à audiência, constituída por diplomatas e responsáveis de vários países europeus e dos Estados Unidos, a que enfrentem o Irão imediatamente. 

“É tempo de os parar”, disse ainda Netanyahu, colocando-se ao lado de Donald Trump no que respeita ao fim do acordo nuclear que Washington assinou com Teerão. “Eles são agressivos, eles estão a desenvolver mísseis balísticos, eles não estão a inspeccionar, eles têm uma auto-estrada para enriquecimento (de urânio) massivo”.

Numa primeira reacção por parte de Teerão, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Javad Zarif, que também esteve presente na conferência na cidade alemã, considerou as declarações do primeiro-ministro israelita um “circo cartoonista, que nem sequer merece resposta”.

No entanto, depois, Zarif voltou ao assunto para afirmar que o abate de um caça F-16 israelita na Síria na semana passada destruiu a “chamada invencibilidade” de Israel.

“Israel usa a agressão como política contra os seus vizinhos”, disse Zarif, acusando ainda o Governo de Netanyahu de “represálias em massa contra os seus vizinhos e incursões diárias na Síria e no Líbano”.

No sábado, o conselheiro para a segurança nacional da Administração norte-americana, H. R. McMaster, defendeu também em Munique que o Irão está a construir e a alimentar uma rede cada vez maior de teatros de guerra em países como a Síria, Iémen ou Iraque. “O que é particularmente preocupante é que esta rede de guerras está a tornar-se cada vez mais eficaz, à medida que o Irão necessita de mais e mais armas destrutivas”. “Por isso, chegou o tempo de, pensamos nós, agir contra o Irão”, concluiu.

Estas considerações do responsável norte-americano mereceram também resposta de Zarif que acusou os EUA de utilizar a conferência de Munique para “reavivar a histeria” contra o Irão, negando que Teerão esteja a procurar “hegemonia” no Médio Oriente.

A Reuters avança também que os EUA delinearam um plano para propor aos aliados europeus um compromisso para melhorar o acordo nuclear com o Irão. Em troca, Washington compromete-se a manter o pacto e a aliviar as sanções contra Teerão em Maio.

A informação foi obtida através de um documento do Departamento de Estado norte-americano e de fontes oficiais. Porém, segundo diz a Reuters, esta proposta irá enfrentar alguns obstáculos pois os europeus estão relutantes em estabelecer um compromisso deste género, duvidando que esta medida deixe Trump satisfeito.

Por outro lado, esta intenção por parte dos EUA indicia a possibilidade de Trump flexibilizar as suas posições relativamente ao acordo nuclear, o que poderá facilitar um entendimento com os parceiros europeus.

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