Os sobreviventes da adolescência

Os seis episódios de The Mortified Guide estão disponíveis na Netflix.

Foto

Os anuários de liceu são uma coisa americana, mas gostamos sempre daquelas fotogalerias que nos aparecem nos feeds do Facebook e do Twitter com as “estrelas” de cinema, da música e do desporto no tempo em que eram adolescentes borbulhentos com dentes tortos (ou com aparelho) e penteados duvidosos. É mais ou menos isto que é The Mortified Guide, uma série de seis episódios disponível no serviço de streaming Netflix que se pode descrever com vários hífens: comédia documental-confessional-embaraçosa sobre tudo o que se fazia na adolescência, aquela altura da vida em que o mundo acabava todos os dias, em que tudo era uma questão de vida ou de morte.

Qual era aquela banda pela qual éramos loucos? Quem foi a obsessão amorosa de liceu? Como foram as primeiras experiências sexuais? Como lidávamos com uma família que não nos compreendia? Que textos e poemas tínhamos escondido na gaveta e que nunca ninguém leu? É por aqui que vai The Mortified Guide, um exercício pessoal nostálgico de adultos que regressam à infância e à adolescência através das suas memórias, dos seus diários e das tais fotografias com os rostos cheios de acne. São adultos que se riem de si próprios e quem os ouve também ri porque há qualquer coisa (muita coisa) que soa familiar.

The Mortified Guide é mais do que esta série, que até passou com aclamação no festival de cinema independente em Sundance. É um podcast, são livros e espectáculos de stand up, a partir dos quais se construíram estes seis episódios (antes já tinha dado um documentário de 2013, também disponível no Netflix, The Mortified Nation), cada um dedicado a um tema específico. Há um sobre relações e sexo, outro sobre cultura pop, outro sobre família, mas vão todos pelo mesmo caminho. Éramos todos, à nossa maneira, um bocado esquisitos quando éramos adolescentes. Mas sobrevivemos.

Sugerir correcção
Comentar