Revolta nas distritais: distribuição de lugares gera descontentamento

O descontentamento com as escolhas do líder, ainda não oficializadas, tomou conta do congresso ao início da tarde.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES

As estruturas locais do PSD estão revoltadas com a distribuição de lugares nos órgãos do partido, na sequência do acordo entre Rui Rio e Pedro Santana Lopes, e com os equilíbrios para a comissão política nacional.

Ao que o PÚBLICO apurou está a haver muita pressão para que até apoiantes de Rio encabecem listas ao Conselho Nacional, o maior órgão do partido entre congressos. Pedro Alves, líder da distrital de Viseu, onde Rio teve o segundo melhor resultado nacional nas directas, não revela se vai apresentar uma lista alternativa, mas assume a crítica. “As listas não são um negócio, mas servem sim para dar um sinal político”, afirmou aos jornalistas, referindo que Viseu – um “distrito do interior” – “não se sente representado”.

Com o acordo alcançado entre Rio e Santana esta madrugada, há apoiantes do novo líder que estão a ser colocados bastante atrás de apoiantes do ex-primeiro-ministro, o que está a gerar desagrado entre os sociais-democratas. Alguns até compreendem este esforço de união, mas defendem que deveria existir alguma compensação na comissão política nacional.

Só que os representantes das distritais não têm sido contactados para poderem indicar nomes e permitir fazer o equilíbrio de representação, até de território, na comissão política. “Ainda Rio disse que isto não era um clube de amigos”, desabafou uma fonte social-democrata.

Líder do PSD-Porto sem força para impor distrito nas listas

O líder da distrital do PSD-Porto, Bragança Fernandes, deixou furiosos os delegados ao Congresso eleitos pelo distrito. Num almoço, para o qual foram convidados também os deputados do Porto, Bragança Fernandes partilhou a informação de que não tinha conseguido falar nem com Rui Rio nem com Pedro Santana Lopes para garantir a representatividade do distrito nos órgãos nacionais do partido.

Apoiante de Santana Lopes nas eleições directas, Bragança Fernandes tinha reclamado uma maior representatividade do distrito nas listas para os novos órgãos nacionais do PSD e fez declarações nesse sentido.

Segundo relatos feitos ao PÚBLICO, a intervenção do líder da maior distrital do partido deixou os delegados do Porto indignados, lamentando que Bragança Fernandes “não tenha acautelado a representação do Porto na nova equipa directiva de Rui Rio”.

Outra coisa que deixou os delegados descontentes foi o facto de Bragança ter aproveitado o almoço para dizer em surdina, à medida que ia cumprimentando os comensais, que seria recandidato à liderança da distrital. Na sala estava presente António Tavares, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, e que já disse que estava disponível para liderar uma lista à distrital do Porto. 

António Tavares apoiou Rui Rio no combate interno das directas e colaborou com David Justino na elaboração da moção de estratégia do novo líder do partido na parte relativa à área social.

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