Não é pouco

O guru do Wine Bar chama-se Henoe e é um bon vivant que sabe tudo sobre vinhos. Provar vinhos com ele é como aprender cores com Van Gogh.

Só venho a Londres de quatro em quatro anos e só por isso é que vou partilhar uma dica que me foi dada pela minha querida mãe. Londres está cheia de turistas, mas o segredo são as pessoas que também vieram para cá como turistas. São esses os verdadeiros londrinos.

Londres é linda por ser a cidade mais cosmopolita da Europa, sobretudo neste momento “Brexit”, em que se sente a saudade europeia dos londrinos que votaram maciçamente contra o “Brexit”.

O segredo é o Wine Bar do Fortnum’s. É lá que meia dúzia de ostras, servidas num prato imenso aninhado em gelo, custam apenas 14 libras. Pode-se comprar uma bela garrafa de vinho no Fortnum’s, escolhido pelo excelente Jamie Waugh, apologista dos vinhos unforced e levá-la para o Wine Bar onde só se paga mais 15 libras pelo corkage, ou seja, o serviço, copos, refrigeração e aconselhamento. Acreditem: são duas pechinchas juntas.

O guru do Wine Bar chama-se Henoe e é um bon vivant que sabe tudo sobre vinhos. Provar vinhos com ele é como aprender cores com Van Gogh. Para um português, sobretudo, é delicioso compreender Rieslings alemães e austríacos ou vinhos ingleses. Henoe é um espírito aberto. Não tem preconceitos. Ensina-nos a sermos livres.

Henoe não conhece Portugal, mas tem curiosidade. Esperemos que nos visite. Tem boa boca, bom olho e um coração cheio de bondade. É de longe o melhor anfitrião londrino que já conheci. Será até o único? Muito possivelmente. É um senhor e um amigo e um aliado que nos recebe como nós os portugueses recebemos em Portugal. Não é pouco. É muito.

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